A luta protagonizada pelos indígenas, que reuniu trabalhadores das mais diversas categorias no Equador, foi contra o aumento absurdo dos combustíveis, e também contra o pacote do governo de Lenín Moreno que para atender as imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI) pretende atacar ainda mais os já precários serviços públicos e aumentar o fosso da desigualdade social.
A greve geral, os piquetes que cercaram a capital e diversas cidades do país, obrigou o governo a recuar, o que teve como consequência a revogação do decreto que aumentava o preço dos combustíveis em 123%, mas a luta não só não terminou, como se amplia pela América Latina.
O Chile, o país mais rico da América Latina, também é o país que desde a ditadura de Augusto Pinochet, ditadura financiada pelo EUA, mais aprofundou a desigualdade social.
A política do governo da ditadura em entregar a Previdência Pública para os banqueiros, através da capitalização, mesmo projeto que almeja o ministro da Economia do governo Bolsonaro aqui no Brasil, Paulo Guedes, aprofundou o fosso da desigualdade e a miséria no Chile.
Grande parte dos trabalhadores aposentados recebem menos que o salário mínimo, são inúmeros os casos de suicídios de idosos que por conta da desumana reforma imposta pela ditadura chilena, hoje não têm as mínimas condições de sobrevivência.
Não existe um sistema público de saúde no Chile e os sucessivos governos tentam impor mais reformas na Educação, com o objetivo de mercantilizar tudo que possa se tornar fonte de lucro para os grandes grupos privados.
Os trabalhadores desde a ditadura sofrem com jornadas cada vez mais intensas e menos direitos, além dos salários arrochados, a jornada é 45 de horas semanais, as férias não ultrapassam a 15 dias. Ou seja, desde a ditadura Pinochet, o Chile se transformou num dos países mais ricos da América Latina para os interesses da burguesia, aumentando a miséria e violência contra a classe trabalhadora.
Portanto o aumento da tarifa do metrô, foi só o estopim, se o pavio no Equador foi o combustível, no Chile a indignação a tanta violência contra as condições básicas de vida e trabalho explodiu com o anúncio do governo em aumentar a tarifa dos transportes.
Desde o início das manifestações que começaram na semana passada, o governo de Sebatiãn Piñera usa da mesma violência de Pinochet, coloca a polícia e o Exército nas ruas para reprimir e matar. Já são mais de 10 mortos e centenas de manifestantes presos pelos órgãos de repressão estatal que atacam a vida de estudantes e trabalhadores.
O fogo que se vê em Santiago do Chile e em diversas cidades do país, é provocado pela violência assassina do Capital que desde a ditadura de Pinochet queimaram direitos, salários e aumentaram a fome e a miséria da maioria da população trabalhadora.
Trabalhadores e estudantes estão nas ruas enfrentando a repressão do Estado capacho do Capital, greves, piquetes e manifestações cada vez mais intensas continuam, porque só revogar o aumento da tarifa do metrô não basta. As consequências da privatização da Previdência, o arrocho salarial, a ausência de acesso à saúde pública só ampliaram o fosso da desigualdade social.
Segundo a última edição do relatório Panorama Social da América Latina, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a parcela de 1% mais rica da população chilena manteve 26,5% da riqueza do país em 2017, enquanto 50% das famílias de baixa renda representavam apenas 2,1% da riqueza líquida, grande parte dos trabalhadores gasta mais do que 30% de seus rendimentos em transporte público e recebem salários cada vez mais arrochados.
O presidente do Chile tem a desfaçatez de dizer que está lidando com um inimigo que quer se impor através da violência, quando na realidade quem provoca a violência é seu governo, que servil ao Capital retira cada vez mais dos trabalhadores e coloca a repressão do Estado para agredir e matar os que lutam por melhores condições de vida e trabalho.
É contra tudo isso que os trabalhadores e estudantes chilenos lutam, mais do que solidariedade, mais do que não ser indiferente a repressão que nossos irmãos de classe sofrem no Chile é preciso enxergar que sua luta, é a nossa luta.
No Brasil, o governo saudoso da ditadura militar corta verbas da Educação, quer privatizar o SUS, avança no extermínio da Previdência e da Seguridade Social e quer acabar com os direitos trabalhistas, desde que assumiu a presidência, estimulou as ações do Capital que ampliam o desemprego, a miséria e a violência.
Não adianta esperar por mudanças nesse governo que a cada dia mostra que é um ajuntamento de escoteiros dos EUA, milicianos e preconceituosos a serviço do grande Capital, como também não adianta esperar por novas eleições só em 2022, pois os direitos estão sendo exterminados agora, a fome e miséria assola milhares agora.
É preciso acender agora no Brasil, o pavio da luta que se amplia na América Latina, porque seja no Equador, no Chile ou aqui, para defender dignidade, melhores condições de vida e trabalho, não tem outro caminho que não seja a luta da classe trabalhadora.