Atingidos por barragens ocupam Ibama em SP

Desde a manhã desta quarta-feira (12/3), cerca de 700 pessoas ocupam a Superintendência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em São Paulo. Os manifestantes compõem diversos movimentos sociais, dentre eles o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e vêm principalmente da região do Vale do Ribeira. Eles protestam contra o parecer técnico do Ibama favorável à liberação das obras da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto. Com a implementação da usina, cinco municípios da região do Vale ficarão debaixo d’água.

Apesar do repúdio da população local à construção de hidrelétricas, técnicos do Ibama emitiram, em 26 de fevereiro deste ano, o parecer 07/2008 favorável à implantação da barragem. Essa decisão desconsidera uma série de fatores fundamentais, tais como: pareceres técnicos que indicavam problemas após a construção do reservatório; questões que dizem respeito à segurança da barragem, inundação de cavernas e de áreas agricultáveis, qualidade da água (esgoto e chumbo); redução da pesca da manjuba – base econômica de mais de quatro mil famílias; expulsão de famílias de suas localidades de origem.

Os manifestantes somente desocuparão o prédio da Superintendência quando o Ibama voltar atrás em sua decisão e se comprometer em dialogar com a população que será atingida pela barragem da usina.

Além da construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto, os inventários hidrelétricos do Rio Ribeira de Iguape apontam para a implantação de mais três usinas: Funil, Itaoca e Batatal. Se construídas, as barragens inundarão permanentemente uma área de, aproximadamente, 11 mil hectares, abrangendo cerca de 26 municípios dos estados de São Paulo e Paraná. A área atingida é conhecida como Amazônia Paulista, isso porque é parte importante do maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil.

A energia elétrica gerada pela barragem planejada será exclusivamente utilizada pela CBA/Votorantim (Companhia Brasileira de Alumínio) para produção de alumínio. Grande parte dessa produção será exportada, uma vez que, os maiores produtores de alumínio no mundo (Canadá e Estados Unidos) já esgotaram as possibilidades de produção em seus territórios dada a escassez de água provocada pela utilização em larga escala nesse processo. Dessa forma, os moradores do Vale do Ribeira não terão nenhum benefício com esta grande obra. Ou seja, não há interesse público nela.

O Ribeira de Iguape, rio onde será instalada a usina, é o único de médio a grande porte que ainda corre livre no estado de São Paulo e alimenta o povo da região.