Por INTERSINDICAL ECETISTA – Outubro/2013
A campanha salarial ocorrida em 2013 foi impactante para os trabalhadores dos Correios. Os ecetistas demonstraram que não devem ficar reféns das direções pelegas dos sindicatos do Rio e de São Paulo, retomaram a radicalização dos piquetes e de parar a produção como eixo da greve, além de ter foco nos locais de trabalho para aproximar os trabalhadores. Além disso, o plano de saúde foi mantido nos moldes de 2012, a FINDECT(federação pirata) foi mais uma vez rechaçada pela base e pela justiça, mas precisamos avançar para não mais nos submetermos às decisões do TST.
A pelegada que dirige o SINTECT-RJ E SINTECT-SP, do PCdoB, tentou dar um golpe na categoria, antecipou a data de sua greve para rachar a mobilização, assinou um acordo rebaixado em que vendia o plano de saúde em troca de algumas liberações sindicais. Tudo isso a partir de golpes dados nas assembleias da categoria e não como decisão dos trabalhadores. Mas isso não foi suficiente para barrar a mobilização: de norte a sul do país os guerreiros mostraram sua força e partiram para a mobilização.
A greve neste ano não foi de faz de conta, avançou para cima da produção da empresa e demonstrou a importância do operacional, local onde gera o lucro do patrão. Em Campinas, a adesão da greve foi forte, e a resposta da empresa foi de perseguição. Apesar da proximidade com São Paulo capital, que tentaram enfraquecer o movimento do interior, conseguimos reverter, inclusive, o assédio de certos chefes que buscavam frear a luta por não ter greve na outra cidade. Em Valinhos, onde teve uma grande mobilização que envolveu a maioria dos trabalhadores do setor; a empresa, desesperada, chamou a polícia, que prontamente apareceu armada de metralhadora e ainda prendeu um dirigente sindical da Intersindical.
No Mato Grosso, foi retomada a prática dos piquetes, há muito tempo abandonado pelos pelegos da Articulação que dirigiam o sindicato e tivemos uma boa resposta da base. Depois de paralisar 100% das atividades operacionais dos Correios, os trabalhadores encerraram o acampamento com importantes conquistas: 1- Reversão das transferências de atendentes comerciais ocorridas arbitrariamente, por perseguição política da direção; 2- Garantia de que não haverá mais perseguição a trabalhador que faz greve; 3- Reavaliação da demissão de carteiro do CDD CPA em período de experiência; 4- Cumprimento do acordo coletivo, que prevê a realização de reuniões setoriais entre sindicato e trabalhadores; 5- Continuidade do diálogo para acabar com a jornada de 8 horas ininterruptas de trabalho em pé dos OTTs, com concessão de intervalos de descanso.
No Paraná, que assim como o Mato Grosso, está bem no início de gestão sindical, também buscou uma nova estratégia para a mobilização. Ao invés da tradicional concentração no prédio central, da João Negrão, os trabalhadores se concentraram nas unidades de trabalho, tanto na capital quanto no interior, tendo ou não dirigentes sindicais presentes. Os piquetes paralisaram as atividades do centro de encomendas internacionais, que passa por Curitiba para ser distribuído para o país inteiro. Os trabalhadores paralisaram também as atividades dos CEEs de Foz do Iguaçu e CEE Maringá, com grande adesão da categoria. Como resposta a empresa mandou os trabalhadores terceirizados dos caminhões jogarem o carro em cima dos grevistas e demitiram aqueles que se negaram.
Esta postura adotada nos estados em que a Intersindical está presente, só é possível pelo princípio de independência dos patrões e do Estado, uma vez que sabemos que na luta de classe os trabalhadores podem contar somente com seus companheiros. Desta forma, mesmo sendo muito recente a gestão em 2 dos 3 sindicatos que a Intersindical está presente, conseguimos retomar o protagonismo dos trabalhadores em seus locais de trabalho, tornando a greve efetiva, acarretando grande prejuízo à empresa com os dias que paralisamos nossas atividades.
Esta mobilização foi fundamental para que conseguíssemos manter direitos e nos prepararmos para as próximas batalhas. Infelizmente não conseguimos impor que a empresa voltasse à mesa de negociação, o que mais uma vez demonstrou que a política deste governo não é negociar com os trabalhadores e sim judicializar para terceirizar a decisão de que deveria ser direta entre patrão e trabalhador.
O TST, mais uma vez, não nos deu ganhos salariais como gostaríamos. Nem, principalmente, saiu de cena para que ocorresse a negociação direta entre as partes. Apesar disso, parte da decisão foi muito importante para a manutenção de direitos, especialmente o Correios Saúde, e em reforçar a ilegalidade da FINDECT. Caso o encaminhamento retirasse direitos dos trabalhadores, este poderiam manter a greve independente da decisão do TST.
Agora estamos com mais uma decisão de fundamental importância na justiça, o Postal Saúde, criado ilegalmente, será julgado no dia 30 de outubro de 2013, e nós, trabalhadores, precisamos mostrar novamente a força da categoria e terminar de enterrar esta privatização do nosso plano de saúde.
Para além dos ganhos materiais, esta campanha salarial teve ganhos políticos muito importantes. Voltamos a demonstrar que os trabalhadores dos Correios não fogem a luta e muito menos nasceram em berço esplêndido. Pelo contrário, são um setor super importante da classe trabalhadora brasileira, com grande capacidade de luta e organização e dispostos a enfrentar, de cabeça erguida, os ataques do seu patrão, que, diga-se de passagem, mantêm toda a prática e truculência do período da ditadura militar.
Desta forma nos mantemos FIRMES e construindo a luta da categoria por nenhum direito a menos e avançar em novas conquistas.