Toda solidariedade aos trabalhadores; contra a manobra dos pelegos que tentam recuperar sua imagem às custas de uma greve isolada em São Paulo
Os trabalhadores dos Correios de São Paulo deflagraram greve por tempo indeterminado na noite desta quinta-feira (13) tendo como pauta o pagamento da PLR e o adicional de periculosidade do motorizados. A paralisação – que começa desarticulada e sem projeção nacional – é resultado da insatisfação e revolta dos trabalhadores diante do calote da ECT e da postura entreguista que o Sintect-SP assumiu durante a Campanha Salarial deste ano. A pressão da categoria na assembleia foi tão grande que a direção desse sindicato se viu obrigada a romper com a deliberação da federação chapa branca a qual é vinculado para recuperar sua imagem junto aos trabalhadores, iniciando uma greve isolada na capital e na região metropolitana de São Paulo, sem qualquer articulação nacional.
Essa foi a primeira assembleia depois da fatídica Campanha Salarial, na qual a direção do Sintect-SP passou por cima da decisão da maioria dos trabalhadores, que queriam deflagrar greve. Agora, esse sindicato busca superar o desgaste que sofreu por ter entregado a Campanha Salarial deste ano.
Porém essa manobra pode, inclusive, facilitar os interesses da Empresa e levar a negociação da PLR para díssidio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), sem que haja uma mobilização nacional realmente capaz de pressionar à ECT e à Justiça.
Todo solidariedade a luta dos trabalhadores
Nos solidarizamos com os bravos guerreiros da categoria, que precisam enfrentar o sindicato pelego, além dos ataques promovidos pelos Correios. Os trabalhadores de São Paulo já demonstraram que são de luta e não estão dispostos a baixar a cabeça para as manobras do sindicato.
Nosso próximo passo deve ser o de avançar na organização na base do Sintect-SP, unir os que lutam para conseguir enfrentar os diversos ataques que são feitos a nossa categoria. As próximas campanhas salariais precisam ser unificadas por todos os sindicatos dos trabalhadores dos Correios e isso irá demandará uma forte pressão da base de São Paulo.
Nós, da Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, estaremos junto com os trabalhadores que estiverem dispostos a lutar com independência do patrão e do Estado, e autônomo aos partidos políticos.
Contradição entre findect e sintect-sp
A federação chapa branca (Findect), a qual é Sintect-SP é vinculado, divulgou uma nota pública na qual afirmava que esse não é o momento de deflagar uma greve, orientando que os sindicatos aguardassem mais uma semana para acompanhar o desenvolvimento das negociações da PLR.
Entretanto, o Sintect-SP – principal sindicato da federação chapa branca – demonstrou a incoerência de sua organização.
Quando houve a mobilização contra o Postal Saúde se ausentaram da luta, uma das mais importantes que a categoria já fez. Na campanha salarial e na negociação da PLR disse que não sentaria na mesa de negociação unificada, e participaram. Na campanha salarial, com a categoria revoltada com a proposta da ECT e pedindo greve, passaram por cima da maioria e aceitaram a proposta. Agora disseram que a greve seria convocada para uma determinada data, e descumpriram sua própria instância.
Movimento nacional
A greve pelo pagamento da PLR miserável proposta pelos Correios vem em um momento de baixa mobilização da categoria e não passou por qualquer tentativa de construção nacional. Para a greve do Postal Saúde, por exemplo, foram realizadas duas plenárias nacionais da Fentect, além da elaboração de informes e de dois jornais visando a organização nacional da categoria.
Já para a construção dessa campanha pelo pagamento da PLR nada disso ocorreu até o momento. O primeiro passo proposto pela FENTECT é a realização de uma reunião do Conselho de Sindicatos da Federação (Consin), no dia 25 de novembro. Além de debater a PLR, essa reunião também organizará a luta nacional da categoria sobre outras pautas importantes, como o Postal Saúde, o adicional de periculosidade dos motorizados e o CorreiosPAr.
Próximos passos: luta nacional para conquistar avanços
Os Correios seguem em sua política de retirar direitos e atacar a categoria. Para combater esses ataques e conquistar avanços, é preciso construir um movimento nacional unificado desde os locais de trabalho, que realmente pressione e faça a direção dos Correios ceder.
A luta pelo pagamento de uma PLR justa e linear deve ser construida nacionalmente para por fim a essa enrolação promovida pela empresa. Precisamos, também, fazer uma ampla campanha contra o CorreiosPar, que a empresa segue implementando a passos largos.
Além disso, a luta em defesa da nossa saúde não acabou. Após 10 meses da implementação do Postal Saúde, está claro que nossa análise estava acertada. São cada vez menos hospitais e clínicas credenciadas, os procedimentos demoram muito mais do que quando usávamos o Correios Saúde, já há registros em atas da Empresa com sugestão de cobrança no plano.
O pagamento do adicional de periculosidade para os carteiros motorizados também nos exigirá muita luta e organização para fazer com que a lei saia do papel.
Para aqueles que esperavam um novo mandato do governo PT e das estatais mais próximos das demandas dos trabalhadores, já está claro que o governo federal e o seus indicados continuam onde estavam antes: ao lado dos patrões e contra a classe trabalhadora.