Estiveram reunidos hoje (01/04), em Campinas, os sindicatos dos metalúrgicos de Campinas, Limeira, Santos e São José dos Campos, que juntos representam 180 mil trabalhadores, para analisarem a proposta do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) de flexibilização e redução de direitos do setor de autopeças.
Desde a crise econômica de 2008, os pacotes dos governos para salvar bancos e grandes empresas, envolveram trilhões de dólares no mundo todo. As dívidas privadas foram transformadas em dívidas públicas que ambos querem que sejam pagas pelos trabalhadores, através de redução de salários e flexibilização dos direitos.
Os empresários foram agraciados com isenção de IPI, desoneração da folha de pagamentos e de empréstimos bilionários a juros baixíssimos via BNDES, tanto que, segundo o Midic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), em 2014, US$ 21,2 bilhões foram remetidos ao exterior, sendo que, US$ 11,5 bilhões tiveram origem na indústria.
Enquanto isso, os trabalhadores amargaram desemprego, redução de direitos. De acordo com o Dieese, com a desoneração da folha, o governo deixou de arrecadar R$ 5,5 bilhões das empresas metalúrgicas. Só em 2014, foram fechados 105, 9 mil postos de trabalho no ramo metalúrgico. Destes, 65,6 mil foram no estado de São Paulo. Para piorar a situação, o governo lançou o ajuste fiscal, que penaliza a população, e as MPs 664 e 665, que restringem o acesso a direitos como o auxílio-doença, seguro-desemprego, pensão por morte e PIS. O objetivo do governo com estas medidas é “economizar” R$ 18 bilhões por ano.
Na última semana, o Sindipeças, a pedido dos empresários do setor, propôs ao bloco dos quatro sindicatos a flexibilização dos direitos dos trabalhadores como a implementação de lay-off, banco de horas e redução de jornada e salários, com o discurso de evitar demissões.
Essa prática é adotada pela CUT e Força Sindical, a exemplo dos acordos sem aumento real de salários até 2017 fechados na Mercedes Benz, Volks e Ford. Esses acordos, porém, não foram suficientes para barrar os ataques aos direitos dos trabalhadores nem impedir milhares de demissões nas montadoras do ABC. Tanto que em janeiro deste ano os trabalhadores da Volkswagen, Mercedes-Benz e Ford em São Bernardo do Campo passaram por cima, com greve, das propostas apresentadas pelos empresários e defendidas pelo sindicato. A mesma situação está acontecendo agora em Taubaté, onde os trabalhadores estão novamente em greve à revelia da direção do sindicato.
Contrariamente à proposta do Sindipeças e a postura das centrais sindicais, o bloco destes quatro sindicatos do interior paulista, que não estão ligados nem ao governo nem à ala da direita, vai resistir à retirada de direitos dos trabalhadores e continuar na luta nos locais de trabalho:
– Por estabilidade no emprego e contra as demissões;
– Redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salários e direitos;
– Não a terceirização: pelo arquivamento do PL 4.330/04;
– Não ao banco de horas;
– Pela revogação das MPs 664 e 665;
– Pela proibição da remessa de lucros ao exterior.
Sobre o bloco
Os quatro sindicatos de metalúrgicos de Campinas, Limeira, Santos representados pela INTERSINDICAL, e São José dos Campos, pela CSP-Conlutas, que negociam juntos nas campanhas salariais.