[Sindágua/DF] Categoria rejeita “proposta” da Caesb

Por SINDÁGUA/DF

No dia 16 de abril, em assembleia com participação expressiva dos trabalhadores, mesmo sob forte chuva e com um evento convocado pela Caesb para o mesmo dia na Sede, as trabalhadoras e os trabalhadores deliberaram por REJEITAR COMPLETAMENTE a proposta da direção da Caesb. Todos mostraram-se indignados com a postura da “nova” Diretoria em novamente propor retirar direitos vitais à nossa sobrevivência.

Isto é uma afronta a uma categoria que presta um serviço essencial à população e que já vem se sacrificando para manter esta Empresa pública e prestando um serviço de qualidade, mesmo estando há dois anos sem reajuste e vendo o resultado do seu esforço esvair pelo ralo, e ainda não ser reconhecido com o pagamento correto da PPR!

Os assuntos deliberados pela categoria foram os seguintes: rejeição da proposta enviada pela Caesb; desautorização para a Diretoria do Sindágua/DF propor ou aceitar o dissídio do ACORDO COLETIVO DE TRABALHO (ACT); e realização de uma Assembleia Geral ainda no mês de abril.

REUNIÃO SETORIAL DA CAESB NO SIA

Assim como em 2012, 2013 e 2014, a Direção da Caesb repetiu, no dia 10/04, no galpão da oficina do SIA, a conhecida reunião para mostrar e convencer a categoria de quem deve pagar a conta que empreiteiros e indicados do GDF fizeram. Participaram da reunião, por parte da Caesb, Presidente, Diretores, Superintendentes e membros da comissão de negociação patronal.

Seguindo a linha de gestões anteriores, mais uma vez a atual gestão quer imputar ao trabalhador o pagamento da suposta “quebradeira” da Empresa, chamando isto de “participação na gestão”.

Mesmo não sendo a primeira vez que o Sr. Maurício Luduvice admite que as gestões anteriores foram péssimas, que a Caesb tem mais a receber do que a pagar, que quase não houve investimentos nos últimos anos etc., a insistência em atacar o nosso Acordo Coletivo e a categoria é grande.

A reunião no SIA foi basicamente para dizer que a Empresa pode pagar uma pequena parte da dívida que tem com a categoria – a inflação de 2014 (5,81), sem retroativo – mas, para tanto, o horário corrido é extinto; é criado um limite de 45% da folha sobre a arrecadação, que, pelo menos até 2027, congela o anuênio, titulação e Plano de Cargos e acaba com pagamento do PPR.

Porém, as trabalhadoras e os trabalhadores que acompanharam as falácias da Caesb responderam à altura com uma salva de VAIAS e com cartazes pedindo respeito e transparência, o que não estamos encontrando nesta nova gestão.

O simulador da Caesb

A Caesb, mais uma vez, tenta convencer os trabalhadores de que está quebrada apresentando planilha eletrônica onde o único destaque é a folha de pagamento. Trata-se de estratégia antiga e que, de tão repetida, parece seduzir alguns trabalhadores menos avisados. A sedução fica mais por conta de dois fatores: a forma de construção da tal planilha e o anseio pela sustentabilidade que dê garantias ao seu emprego.

A construção da planilha, assim como o estudo do Grupo da DT do Oto, envolveu a participação de parte do corpo técnico da Empresa. Isto, de início, leva a um sentimento de paternidade que faz com que alguns defendam as conclusões destes estudos sem uma análise mais aprofundada e imparcial de suas premissas.

A preocupação com o futuro da Caesb, por outro lado, está sendo aproveitada pela direção da Empresa para propor um limitador nos gastos com pessoal, como sendo a única solução possível. E, embora os trabalhadores tenham proposto soluções para os reais problemas da Empresa e a “nova” diretoria sequer tenha dado respostas, essa mesma diretoria chama os trabalhadores ao sacrifício “a quatro mãos”.

Pois bem, o Simulador, apesar de mais elaborado que os demais, contém premissas manipuladas. Utiliza dados “misteriosos” para a composição do que é a folha, e segundo a Empresa, são dados “reais e inquestionáveis”; utiliza como base de cálculo a arrecadação e não o faturamento ou a receita; prevê o crescimento da arrecadação bem abaixo do que vem divulgando em seus relatórios financeiros – só pra citar um exemplo, a previsão de crescimento da receita para este ano é de 7,6%, embora a tarifa tenha sido reajustada em 16,2% e nos últimos 10 anos esta média tenha girado em torno de 10%; isto sem falar no crescimento exponencial da folha, bem longe da realidade. Ou seja, mostra gráficos assustadores e esconde suas fórmulas maquiadas para induzir o trabalhador a pensar que é a folha de pagamento que vem “quebrando a Empresa”.

Trabalhadoras e trabalhadores não se deixem levar pelo que parece mais fácil! Se tem facilidade com os números, confira-os! Não beije nesta boca podre!

O HORÁRIO CORRIDO É NOSSO

Uma reivindicação histórica e de toda a classe trabalhadora foi, após anos de luta, finalmente conquistada: redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias. Desde o início do século XIX, quando os trabalhadores reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 14 horas para 10 horas diárias, os patrões alegavam que iriam falir. Na contramão de tudo isso, testemunhamos a redução da jornada para 8 horas diárias com acúmulo de capital e, evidentemente, a concentração de riquezas com os grandes lucros da burguesia.

Após quase 200 anos, ouvimos esse argumento sob outra perspectiva: a produtividade. A direção da Caesb e seus asseclas alegam que a produtividade dos trabalhadores diminuiu e, consequentemente, caiu o desempenho empresarial. Para esconder a própria incompetência, os diretores da Caesb (direção anterior e atual) alegam que a queda da produtividade foi por causa da implantação do horário corrido. Entretanto, sabemos como era a metodologia de gestão da Empresa e como continua sendo. Aliás, contraditoriamente, no DRE de 2014, dentre os índices que a Empresa usa para medir seu desempenho, justamente a PRODUTIVIDADE SUBIU.

Todos sabemos como ficou a Companhia depois que as empreiteiras se negaram a assumir o contrato de manutenção de redes após a tentativa da Caesb de reduzir a composição de preços dos serviços a serem prestados pelas terceirizadas. Sabemos ainda das várias denúncias que estão sendo apuradas pelo Tribunal de Contas do DF.

Outro argumento bastante citado pelo presidente é de que “assinamos um contrato de trabalho com 44 horas semanais e trabalhamos 40 horas”. Na verdade, alguns trabalham 40 horas semanais, outros 30 horas semanais e outros trabalham 144 horas mensais. Isto ocorre porque o Acordo Coletivo prevê, assim como vários outros direitos (tais como o Plano de Cargos, a Gratificação de Titulação, o PPR, dentre outros), e o ACT é parte integrante do contrato de trabalho.

Está longe do horário corrido e, sobretudo, da folha salarial ser os responsáveis pela situação da Caesb. Portanto, não aceitaremos que as seis horas sejam retiradas por ato unilateral. É preciso deixar claro para essa Diretoria que, além de ser uma conquista histórica, é um direito, por isso iremos trabalhar seis horas enquanto esta cláusula estiver no Acordo. Foi com muita luta que colocamos este direito no ACT e é com muita luta que vamos mantê-lo!

Dessa forma, para que possamos manter nossas conquistas e as melhorias em nossa qualidade de vida, é fundamental que cada trabalhador e trabalhadora se mantenha mobilizado e tenha a capacidade de não aceitar as imposições da Diretoria da Caesb. SEM RETROCESSO! UNIDOS SOMOS MAIS FORTES!!!!

A mobilização é a chave para a vitória

Mesmo alegando um lema diferente e uma nova prática, o governador Rollemberg (PSB) e a Diretoria da Caesb continuam, até o momento, no mais do mesmo. No nosso caso, está próximo o mês de maio, mas continuamos ainda muito longe de renovar nosso ACT.

A proposta apresentada pela Caesb foi rejeitada por unanimidade na última assembleia, uma evidente demonstração de insatisfação por parte da categoria. Se formos esperar a vontade da Diretoria da Empresa, ficaremos mais um ano sem reajuste e sem a assinatura de um novo ACT. Portanto, é essencial a participação de toda a categoria nas assembleias. Assim, convocamos todos os trabalhadores e trabalhadoras a participarem da assembleia do próximo dia 30/04, no SIA. Todos à assembleia!!!