Somos a comissão que organiza o Centro de Arte e Cultura em um espaço público, fruto de uma gestão compartilhada entre a Secretaria de Cultura de Hortolândia e o Coletivo de Educação Popular Jacuba. Através da elaboração coletiva de uma Carta de Princípios, se estabelece, entre outras coisas, que a gestão deste espaço deve ser coletiva, horizontal e crítica.Desde o início, sabíamos que esta seria uma parceria difícil, pelo caráter conservador da secretaria municipal como órgão estatal. Mesmo assim, seguimos procurando manter a coerência com os princípios pré estabelecidos, cobrando a prefeitura quando havia alguma negligência.
Nas últimas semanas o autoritarismo da secretaria se intensificou. No dia 5 de julho, o secretário de cultura, arbitrariamente, substituiu a coordenação do CAC sem informar a Comissão. Isto ocorreu logo após a 3ª Conferência Municipal de Cultura da qual a COC participou, principalmente, para defender os direitos dos trabalhadores da cultura e aumento das ofertas de cursos livres por parte da prefeitura. Constatamos que em retaliação à nossa participação organizada, a Secretaria de Cultura decidiu aumentar a pressão e acabar com a gestão compartilhada. Buscando esclarecimento, a Comissão esteve por duas vezes na Secretaria de Cultura, mas além de se recusar a nos receber, na última delas o secretário chamou a guarda municipal para nos expulsar.
Posteriormente, comparecemos à inauguração de uma escola de artes com o nome de Augusto Boal, no dia 30 de julho, para deixar os presentes a par destas arbitrariedades. Quando conversávamos com o público presente sobre a situação, chegou o prefeito que se dispôs a vir até o CAC para dialogar com a comissão, mediante agendamento. Ele ainda afirmou que estavam previstas mudanças para o espaço.Após esse fato, a prefeitura e a Secretaria de Cultura propuseram um encontro com a Comissão, no qual poderiam participar apenas quinze representantes, sob a exigência da apresentação de nome, RG e função na comissão. A reunião deveria ainda acontecer em local e horário definido por eles. Não aceitamos esses termos, por entendermos que a comissão é formada pela comunidade de forma participativa e não representativa. Afirmamos, desde o início, que se a Secretaria quer conosco dialogar, que deve fazê-lo no CAC, o espaço no qual poderiam participar um número ilimitado de pessoas.
Como resposta às nossas condições, nessa última semana, a secretaria enviou uma empresa para mudar as fechaduras do CAC, acompanhados da guarda municipal novamente. Na quarta-feira, dia 5 agosto, uma funcionária da secretaria de assuntos jurídicos, acompanhada da guarda municipal, trouxe uma notificação assinada pelo prefeito informando que o Centro de Educação Popular Jacuba deve desocupar o prédio em 30 dias. No dia seguinte, conseguimos impedir a mudança das fechaduras com pressão da comissão e auxílio jurídico. No entanto, no dia 7 de agosto, um grande efetivo da polícia militar esteve no CAC e revistou vários membros da Comissão, além de intimidarem as aprendizes que frequentam a oficina de balé e famílias.Nos últimos dias, ficou clara a intransigência da prefeitura e secretaria para tratarem da questão. No momento, tentam nos intimidar e criminalizar, enviando a polícia para resolver o conflito. Enquanto isso, seguimos sob estado de ocupação permanente, firmes na luta por este importante espaço da classe trabalhadora e pelo seu direito de organizar e usufruir de um espaço público, como uma organização autônoma e horizontal.
Pedimos a divulgação, denúncia da situação e apoio dos companheiros e movimentos parceiros que acompanham nossa história de organização e embate por uma cultura crítica e popular para a classe trabalhadora.O CAC resistirá e contamos com a força da comunidade para somar em nossa luta!
Comissão Organizadora do Centro de Arte e Cultura
O Coletivo de Educação Popular Jacuba é um dos coletivos que compõe o coletivo que é a verdadeira entidade organizadora do Centro de Arte e Cultura: a Comissão Organizadora do CAC (COC). Esta é uma comissão aberta, na qual todos as pessoas que participam e realizam atividades no espaço podem participar. Ela se organiza a partir de subcomissões e as reuniões são realizadas aos sábados, no salão do CAC. A atuação da Comissão é guiada por uma Carta de Princípios, constituída na ocasião da criação da “gestão compartilhada” em 2009, com a Secretaria de Cultura.
Coletivo de Educação Popular Jacuba
O Coletivo de Educação Popular Jacuba é uma associação que se propõe a construir coletivamente e desenvolver um espaço de organização e participação comunitária com foco na transformação social ampla e emancipadora. Auxiliado por uma pedagogia com referência no trabalhador, pretendemos propiciar um espaço educativo para o debate, a organização, a reflexão crítica e a luta política, que combata toda forma de exploração, opressão, dominação e alienação.O Coletivo existe há 10 anos atuando na comunidade onde se encontra o Centro de Arte e Cultura. Foi o coletivo o proponente da criação desse espaço junto à Secretaria de Cultura em 2009. Desde então o coletivo realiza diversas atividades culturais e esportivas no espaço. Atualmente atende semanalmente 300 pessoas por meio dos cursos livres como dança de rua, yoga, artesanato, BMX freestyle, xadrez, artesanato, kung fu (parceria Associação Long Chi), grupo de narcóticos anônimos, além da parceria com o Cursinho Popular Flor de Maio. Também realiza saraus mensais, grupos de estudos e encontros de formação política. Todos os educadores vinculados ao coletivo são voluntários e não há nenhum repasse de verba ao grupo (por opção e princípio do próprio coletivo). O coletivo possui uma sala no espaço onde são realizados os grupos de estudos e as atividades do Cursinho Popular Flor de Maio.
Email: jacubanos@gmail.com
Centro de Arte e Cultura (CAC)
Fone: 3845-2525/Cel.: 9 8186 8526
Endereço: Av. Armelinda Espúrio da Silva, 785
Jd. Nossa Sra. de Fátima – Hortolândia/SP