Contra tudo isso a luta nos locais de trabalho e nas ruas.
Mais demissões e mais arrocho salarial
Os patrões demitem e reduzem salários com a conivência de centrais sindicais pelegas como CUT, Força Sindical e UGT, e mesmo com esses acordos as demissões continuam.
Tem sido assim principalmente em grandes montadoras como Volks, Mercedes e Ford, que depois de sucessivos acordos que incluíram lay-off, banco de horas, redução dos pisos salariais e novas grades salariais com a imposição de teto salarial, isso tudo realizado com a desculpa de manter empregos.
Não foi só o sistema financeiro que se beneficiou da política do governo do PT, o setor industrial foi amplamente atendido, seja antes das saídas da crise de 2008, mas principalmente nesse período em que se ampliaram as isenções e diminuição de impostos. Grandes empréstimos do BNDES através de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) foram para as mãos das empresas.
Enquanto o governo se endividava, os bancos agradeciam, se fartando dos juros da dívida pública que já passa de R$ 2 trilhões.
E depois de mais um período de muitos lucros, de abundância de produção, o Capital no Brasil impõe novamente mais ataques aos trabalhadores para sair de sua crise. Esses ataques à nossa classe tem por objetivo manter e ampliar a lucratividade se utilizando para isso, principalmente, das demissões, da redução de salários e direitos.
O governo Dilma no desespero de continuar a ser servil para o Capital, ataca ainda mais os trabalhadores:
No inicio do ano, medidas que atacaram o seguro-desemprego, o abono salarial, auxilio doença e as pensões. Junto a isso o preço da cesta básica explode, o básico para sobrevivência fica mais caro, as contas de energia e água também aumentam. Tudo fica mais difícil para os trabalhadores.
Não parou. O Congresso Nacional além de aprovar rapidamente essas medidas do governo, também inscreve mais medidas de interesse do Capital. Através da tal “Agenda Brasil” apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, propõe medidas que vão desde cortes nos já precários serviços públicos, passando pela alteração da legislação de demarcação de terras, o que significa legalizar a violência contra indígenas e sua expulsão das terras para entregá-las ao agronegócio, como o que está acontecendo no Mato Grosso do Sul, chegando ao projeto da terceirização que tem por objetivo liberar geral a diminuição de salários e direitos, e o aumento dos acidentes e mortes nos locais de trabalho.
Ainda tem mais: no último dia 14, o governo Dilma apresenta mais um pacote contra os trabalhadores: mais cortes nos programas sociais, ou seja, o “Minha casa, minha vida” virou de vez sonho distante para quem precisa de moradia e pesadelo para os operários na construção civil, contratados pelas empreiteiras que durante os últimos anos garantiram seus lucros com as obras do PAC e agora demitem em massa.
Congelamento dos salários do funcionalismo público, fim do abono permanência (que é isenção do pagamento do plano de seguridade aos trabalhadores que já em idade para aposentadoria precisam continuar no trabalho) e cancelamento dos concursos públicos. Ou seja, vai piorar ainda mais o atendimento na Saúde, na Previdência e na Educação.
A grande imprensa garante repercussão aos representantes das empresas que esperneiam contra o fim das isenções fiscais como no IPI, a redução da desoneração da folha de pagamento, mas os ataques ao conjunto dos trabalhadores tentam impor como “o mal necessário” .
Ataques aos direitos dos trabalhadores nas empresas privadas e também contra os trabalhadores do Estado que atendem diretamente a população. Mais demissões, mais carestia, pois adivinhe onde as empresas vão colocar o gasto com a volta da CPMF? Nos preços das mercadorias básicas que todo mês temos que comprar.
O governo no inicio do ano comemorou a economia de R$18 bilhões ao atacar direitos como seguro-desemprego, abono salarial, auxílio doença e pensões. E agora comemora a economia de R$ 26 bilhões novamente atacando os trabalhadores, com o corte nos programas sociais, mas nada faz contra a sonegação, ou seja, impostos que deixam de ser pagos pelo Capital que já chegam a R$1,1 trilhão.
Além disso também isenta a tributação sobre os dividendos de grandes acionistas, uma lei criada no governo FHC que se mantem até hoje.
São as grandes empresas as principais sonegadoras, e os maiores calotes encontram-se na previdência. O governo ao invés de cobrar os devedores tenta cobrir o rombo da Previdência novamente atacando os trabalhadores ao propor mais uma reforma na previdência que tem por objetivo o aumento da idade para aposentadoria.
Para enfrentar isso é preciso ampliar a luta nos locais de trabalho e nas ruas, contra as ações do Capital que para retomar a ampliação de seus lucros no Brasil ataca o emprego, os salários e direitos dos trabalhadores. Ampliar a luta também contra o governo Dilma e o Congresso Nacional que brigam entre si, mas estão juntos para atender os interesses do Capital.
A cada mobilização, nas campanhas salariais em andamento, nas paralisações e greves é o momento de construirmos as condições para romper com as cercas das categorias. Condição básica para a necessária greve geral.
Por isso é preciso enraizar cada vez mais a mobilização em cada local de trabalho, como estamos fazendo nas campanhas salariais dos metalúrgicos, têxteis, químicos, bancários, nas greves do funcionalismo, nas categorias e regiões onde a Intersindical está presente.
PARA ALÉM DAS CERCAS DAS NAÇÕES
ELES SÓ QUEREM PASSAR
É uma tragédia mais do que anunciada, é uma tragédia produzida por essa sociedade capitalista, onde as guerras são instrumentos lucrativos principalmente para as indústrias bélicas e da construção civil. É só ver o quanto o Capital lucrou com invasão do Afeganistão e do Iraque patrocinada pelos EUA, de onde saíram mais de 4,0 trilhões de dólares. É ver a Síria devastada pela guerra que já dura 4 anos e matou mais de 200 mil pessoas e tem 4 milhões de refugiados.
E as cercas das nações continuam a revelar para que servem:
No dia 16 de setembro, a Hungria levanta suas cercas e muros contras mulheres, homens e crianças que lutam pelo direito de passar, de entrar numa Europa que mesmo conhecendo bem o que significa a devastação da guerra ergue muros em vários países para tentar impedir que os refugiados entrem.
Exemplo disso é o que faz a Hungria, entre outros países europeus. O governo húngaro prendeu quem conseguiu passar e feriu com suas bombas de gás, seus jatos de água, centenas, entre eles muitas crianças que andam, andam e querem passar, para se afastar de uma guerra que tem como cúmplices o imperialismo e seus aliados. Pois os EUA e União Europeia nesses 4 anos assistem inertes tanto o que o governo sírio, como o grupo estado islâmico fazem contra a população síria que nessa guerra já deixou só no país mais de 7 milhões de refugiados internos.
Ontem crianças e seus pais eram agredidos numa cerca construída para impedir que andassem e entrassem num pedaço do mundo onde hoje não há guerra. Nessa mesma semana, dia 14, no estado americano do Texas, um menino de 14 anos é preso. Seu crime? Por ser muçulmano, a escola onde estuda achou que o relógio que inventou para um trabalho escolar era uma bomba.
Estamos distantes geograficamente, mas não da luta dos milhares que buscam proteger suas vidas da sanha assassina do Capital.