Por Avante Bancários – Oposição a atual diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo e região
A greve nacional dos bancários termina sua segunda semana sem nova manifestação dos bancos e do governo, que inicialmente apresentaram proposta de 5,5% de reajuste, o que para os trabalhadores é inaceitável, já que mal cobre metade da inflação do ano, e portanto na prática é uma redução salarial. Os bancários em São Paulo vêm demonstrando que existe disposição para lutar e barrar o ajuste e o arrocho que os patrões e o governo querem empurrar para o conjunto da classe trabalhadora.
Além da adesão expressiva à greve nos bancos públicos, setores organizados da base vêm demonstrando que é possível construir uma greve de fato, para além dos piquetes de fachada e jogo de luzes e fumaça (ver aqui) que a atual diretoria do sindicato dos bancários de São Paulo, controlado pela CUT, protagoniza não ao lado dos bancários organizando-os para a luta, mas em seu nome, terceirizando a luta dos trabalhadores e alijando-os da possibilidade de construir o movimento de forma classista e independente.
Desde o início da greve importantes locais de trabalho foram completamente paralisados, em uma dinâmica diversa daquela em que todo ano vemos a atual direção do sindicato encenar. Os trabalhadores têm demonstrado que é possível no momento da greve protagonizar atividades que façam um enfrentamento com as tentativas dos patrões de arrefecer a luta, ao contrário do script rotineiro da burocracia sindical que não se propõe a construir de fato a greve,
O coletivo Avante báncarios, impulsionou diversas dessas atividades, como a paralisação da GIPES-SP (Unidade de gestão de pessoas da Caixa Econômica Federal), que amanheceu fechada em resposta às tentativas de perseguição ao movimento grevista por parte da empresa. A diretoria regional do Bradesco na avenida Paulista também foi paralisada em ação do Avante, causando impacto nas atividades do banco de Trabuco e Levy na região mais rica da cidade.
Dentro dessa perspectiva, o Avante Bancários, em conjunto com os demais setores da oposição unificada à atual diretoria do sindicato organizou uma importante paralisação no prédio da CIOPI (Habitação, telemarketing e outros setores internos da Caixa) no Brás, em solidariedade às centenas de trabalhadores terceirizados que têm sofrido na pele os efeitos da precarização, com atrasos de pagamentos e uma constante rotina de ameaças e incertezas por parte da empresa que em nome da Caixa cumpre o papel de capataz dessas mulheres e homens que na verdade efetuam serviços bancários como qualquer efetivo e deveriam receber os mesmos direitos.
Ainda em conjunto com os demais setores da oposição, os trabalhadores que impulsionam o Avante Bancários cumpriram um papel central na paralisação total do Telebanco do Bradesco, aonde em enfrentamento contra a burocracia do sindicato que fazia ali um de seus pretensos piquetes, foi garantido o fechamento total do prédio.
O CAT (Centro administrativo do Itaú, no Tatuapé), segundo maior concentração de trabalhadores bancários do Itaú no país, com milhares de trabalhadores, também foi completamente paralisado em atividade da oposição unificada. O recado a ser dado pelo Avante Bancários e pela oposição no CAT era claro: é inadmissível a postura do Itaú de coagir os trabalhadores a trabalharem em contingências durante a greve, e o que é pior, a coação para os trabalhadores entrarem de madrugada nas unidades para fugir dos piquetes da greve e garantir os lucros de Setubal e companhia, conforme recentes denúncias (ver aqui). É inadmissível também a postura da diretoria do sindicato que diante dessa situação, apesar de fazer o enfrentamento jurídico, se omite na importante tarefa de fazer o enfrentamento no local de trabalho, sendo conivente com a situação desumana que os trabalhadores estão enfrentando no CAT, e também se privando de efetuar o fechamento das contingências do Banco, fazendo com que a greve não afete em nada os lucros do banco e na verdade só aumente o desgaste e a deterioração da saúde dos bancários, bem como de suas condições de trabalho.
Os báncarios do CAT, do Itaú no Tatuapé foram forçados pela direção da empresa a dormir dentro da unidade para impedir a paralisação das atividades da mesma por conta do movimento. Cerca de 400 trabalhadores foram alojados em condições indignas e desumanas, como mostram as chocantes fotos divulgadas pelo SEEB-sp, única e exclusivamente com o objetivo de garantir o lucro de Setúbal e companhia.
Em uma clara demonstração de descontentamento com a omissão dos bancos e disposição de luta, os bancários das mais diversas regiões da cidade lotaram a última assembleia no dia 13\10, mesmo sem propostas novas, unicamente para organizar e fortalecer a greve da categoria. Além da inesperada assembleia lotada, um setor da categoria, os Atendentes da Central de atendimento e do SAC do Banco do Brasil, compareceram em massa na assembleia, publicizando suas demandas específicas, demonstrando a capacidade dos trabalhadores se organizarem a partir dos locais de trabalho e convocando o conjunto da categoria para participar de um ato no dia 15/10 no complexo da rua Verbo Divina, zona sul de São Paulo. Este foi o primeiro ato de rua realizado pela categoria sem ser comandado pela direção do sindicato em muitos anos. As reinvindicações são por melhores salários, contra a constante deterioração das condições de trabalho e a falta de critérios para a ascensão profissional (com caso recente de suspeitas de nepotismo).
A atual diretoria do sindicato, ao invés de saudar e incentivar a organização dos trabalhadores, tentou deslocar o foco da combatividade dos companheiros da CABB, clamando na assembléia por um pretensa unidade e culpabilizando os bancários de bancos públicos por todos os problemas do movimento. E o que é pior, no dia da atividade os diretores do sindicato ainda apareceram para tentar desmobilizar e confundir os trabalhadores. Mesmo assim a atividade aconteceu e os báncarios passaram em diversas agências da região convocando os colegas a aderirem a greve.
É dentro dessa perspectiva de enfrentamento a política de arrocho do governo e dos patrões que nós do Avante Bancários compreendemos nossa atuação, fortalecendo a organização nos locais de trabalho e nos propondo a construir um campo de oposição à política de conciliação, de conteúdo classista e que se paute pela independência e autonomia em relação aos patrões e seus partidos e ao Estado, para que o sindicato volte a ser de fato dos trabalhadores.
Báncarios da INTERSINDICAL – Instrumento de organização e luta da classe trabalhadora – SP, Espaço Socialista e Movimento Revolucionário Socialista, CONSTRUINDO O AVANTE BANCÁRIOS!