Por Comando das Escolas em Luta
Manifesto do Comando das Escolas em Luta
Os atos de rua eram uma tática que se mostrou ser uma ferramenta de luta eficiente em junho de 2013, na revolta contra o aumento da tarifa, e nós, secundaristas, acreditávamos que seria igualmente efetiva para derrubar o projeto autoritário do Estado de reorganização. Após ficar outubro inteiro fazendo dois atos por semana e não recebendo nenhuma atenção por parte do governo e da mídia, vimos que deveríamos mudar de tática. Naquele momento deixamos de ocupar as ruas e decidimos ocupar aquilo que já deveria ser nosso: as escolas.
No começo das ocupações o governador Geraldo Alckmin acreditou que iriamos nos desmobilizar e que nosso movimento não iria pra frente, mas errou, e errou feio. O que fizemos? Ocupamos mais de 200 escolas, boicotamos o SARESP, e trancamos muitas vias importantes de diferentes pontos do Estado de São Paulo em uma semana, mostrando que nós, secundaristas, não só sabemos nos organizar, mas que temos muita força para além das entidades burocráticas que ele está acostumado a dialogar. Com essa pressão dos de baixo, os de cima balançaram ao ponto de um deles cair, o ex-secretario Herman Voorwald, e o Geraldo teve que voltar atrás publicamente com o decreto. Enxergamos a desocupação de muitas escolas que tem se dado nesse momento não como o fim de uma luta, mas como uma mudança do caráter dela.
Como já se sabe, a reorganização é um projeto que deverá ser implantado nos anos seguintes com outro nome e de forma mais mascarada, pois faz parte de um plano maior dos poderosos de fazer com que os trabalhadores e seus filhos paguem com as crises. Tendo isso em vista, só conseguiremos avanços para a educação, e para além dela, se nos organizarmos de forma independente.
Durante três meses ininterruptos de luta aprendemos a usar e desusar ferramentas que pareciam mais adequadas ao momento desta. E qualquer que fosse a tática usada no momento, nunca perdemos de vista o nosso foco: a conquista de uma educação libertadora.
O conjunto das nossas reivindicações, entretanto, não foi atendido e não cederemos até que seja. Analisamos, porém que as ocupações já cumpriram sua função e que é hora de mudar de tática. Reiteramos ainda que as ocupações em si não são o movimento secundarista, mas uma das táticas utilizadas por este. Se desocupamos, não é de forma alguma por não haver outra opção, mas justamente por haverem outras, que no momento julgamos mais efetivas. Mudamos de tática agora assim como inicialmente decidimos sair das ruas e ocupar nossas escolas, e o movimento continua.
É necessário nesse momento manter a união das escolas em luta, e por isso acreditamos que a melhor forma de mostrar a nossa força é fazendo uma desocupação em conjunto no período das 12h de sexta-feira às 12h de segunda feira. Lembrando que buscamos em primeiro plano a unidade do movimento, mas que a decisão cabe aos ocupantes de cada escola, e que independente dela, haverá apoio das demais.
É importante que fique claro que estamos saindo das escolas, mas não estamos saindo da luta. E que essa escolha de maneira nenhuma significa ceder às pressões do governo do Estado e das entidades burocráticas.
Mostrando que a luta continua chamamos todos os estudantes secundaristas e apoiadores do movimento para o Segundo Grande Ato em apoio às escolas de luta e em defesa da educação nessa segunda-feira, com concentração no Vão do Masp às 17h.
A LUTA CONTINUA POR UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA!