No início de 2015, a Usiminas propôs a redução salarial em até 16% de todos os trabalhadores dos turnos administrativos e da semana inglesa. Em Cubatão e Ipatinga os Sindicatos firmes na defesa dos trabalhadores recusaram essa proposta e em Minas Gerais, o Judiciário também constatou que a proposta da empresa não preservava os empregos, tratava-se de redução salarial e os Sindicatos como representantes legítimos trabalhadores exerceram, portanto, seu dever em defender os interesses dos trabalhadores. Os engenheiros que trabalham na Usiminas tiveram seus salários reduzidos e logo após o retorno da jornada integral, houve demissões e as novas contratações foram feitas com salários ainda menores, mas uma demonstração de que a proposta da empresa não garantiu estabilidade e tinha por único objetivo a redução salarial.
O que a Usiminas já pretendia à época era “fazer caixa extra” para pagar as rescisões trabalhistas das demissões em massa que agora impõe na planta de Cubatão.
Em Cubatão há pelo menos 5 anos a empresa deliberadamente impôs o sucateamento da planta: equipamentos sem nenhuma manutenção que por consequência vitimaram dezenas de trabalhadores por conta das péssimas condições de trabalho, desrespeito à direitos básicos como o pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade.
No mesmo período em que operava o sucateamento da planta de Cubatão, a Usiminas conseguiu do governo federal através de empréstimos do BNDES o valor de aproximadamente R$ 4 bilhões com a justificativa que necessitava do empréstimo para investimentos em Cubatão. Investimentos esses nunca feitos.
O governo federal recentemente declarou através do Ministro do Trabalho e de seu Superintende em São Paulo que apresentaram à Usiminas como alternativa às demissões o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), programa esse proposto pelas centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, que não garante estabilidade no emprego, mas sim permite as empresas a redução de 30% dos salários dos trabalhadores.
A Usiminas se fartou de lucros através da exploração contra os trabalhadores, desrespeitou direitos, tenta de tudo para dar calote no que deve aos trabalhadores, se fartou de empréstimos com bancos privados e também públicos como BNDES e agora até ensaia uma recuperação judicial, tudo para iniciar uma nova rodada de mais lucros, onde o que impera é a exploração contra os trabalhadores.
O PPE não garante emprego: os exemplos são vários, mas destacamos aqui as montadoras como Mercedes Benz, Volks, Ford que realizaram uma série de acordos com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo/SP em que salários foram reduzidos, jornadas foram flexibilizadas com o banco de horas, suspensão dos contratos de trabalho através do lay-off foram feitos e mesmo assim continuaram a demitir. E depois das demissões feitas a conta gotas ou em massa recentemente, só então aderiram ao PPE, ou seja, demitiram o quanto quiseram e agora por um período que pode chegar a 2 anos poderão manter o salário dos trabalhadores reduzido em 30%.
A Usiminas no final de outubro anunciou sua decisão de suspender as atividades primárias em Cubatão para imprensa, obrigada por ter ações na Bolsa de Valores a comunicar “fato relevante”, em nenhum momento discutiu com o Sindicato e muito menos aceitou a discutir alternativas em relação às demissões.
E quando se viu obrigada participar das reuniões chamadas pelo Ministério Público do Trabalho, afirmou categoricamente que sua proposta de redução salarial não era suficiente para seu intento, que muito mais do que se adequar ao momento conjuntural pretende uma nova reestruturação em que possam no ciclo posterior contratar achatando ainda mais os salários.
A empresa em todo momento mostrou que sua preocupação está na preservação de seus equipamentos e só com a economia que terá após demitir milhares, garante caixa suficiente para a compra de um novo alto-forno, no lugar daquele que propositalmente inviabilizou sua utilização em Cubatão.
A empresa impôs as demissões em massa, se recusou a discutir as propostas apresentadas pelo Sindicato como licença remunerada e férias coletivas e reprimiu violentamente as mobilizações organizadas pelo Sindicato. Em todas suas declarações, a Usiminas afirmou que mesmo que o governo federal apresentasse novas medidas para taxação do aço importado nada mudaria seu intento em suspender as atividades primárias em Cubatão.
São muito mais que 1800 demissões: entre janeiro e fevereiro a Usiminas impôs seu plano de quase 2 mil demissões entre os efetivos, levados para o Centro de Saúde Ocupacional da usina, vigiados pela segurança privada da empresa, enquanto esperavam pelo exame demissional que também é mais uma afronta, pois não foi realizado nenhum exame que traga o histórico das condições de trabalho em que os trabalhadores foram expostos, depois disso os trabalhadores eram colocados em vans e táxis pela porta de traz da usina, ou seja a Usiminas ainda tenta esconder a carnificina que provoca.
Antes dessas demissões, mais 500 trabalhadores nas empresas contratadas da Usiminas já tinham sido demitidos, o número aumentou ainda mais depois das demissões dos efetivos na usina, portanto o número de trabalhadores demitidos é muito superior ao que foi anunciado pela empresa.
Além das ações jurídicas contra as demissões em massa, da força tarefa para avaliar a situação de saúde de cada trabalhador demitido, seguimos na organização da mobilização junto com os trabalhadores. E não vamos nos prestar ao papel nefasto hoje protagonizado por vários sindicatos e centrais que se transformaram em mediadores dos interesses patronais, aceitando sucessivos acordos em que salários e direitos são diminuídos, assim como os empregos, seja com as demissões a conta gotas, ou em massa.