Ele não teve medo de ter lado, enfrentou a Ditadura militar, enfrentou a burguesia e a alta hierarquia do Vaticano, pois escolheu estar ao lado dos trabalhadores.
Junto com os homens e mulheres trabalhadores estimulou e ajudou a construir as Pastorais, as Comunidades Eclesiais de Base (CEB´S), estimulou a Teologia da Libertação, num momento em que a ordem do Capital era tentar a todo custo calar a voz de nossa classe.
Foi bem mais do que um bispo, Paulo Evaristo Arns foi um dos nossos, daqueles que não se curvam. Não se curvou à ditadura bancada pela burguesia, não se curvou perante as injustiças e como ele mesmo disse, aprendeu muito mais com os trabalhadores do que aprendeu em anos de estudo na Sourbonne.
Dom Paulo, mais do que denunciar a Ditadura, esteve lado a lado em busca dos desaparecidos, em solidariedade aos que foram encarcerados e torturados. Também ele foi perseguido, mas não se curvou aos militares, participou ativamente das lutas pelas Diretas Já e junto às Pastorais apoiou firmemente a ação dos trabalhadores na retomada da luta e de sua organização no final da década de 70.
Dom Paulo não se submeteu à ostentação eclesiástica, escolheu estar ao lado dos pobres e da classe trabalhadora. Com sorriso doce e terno, foi um companheiro firme e solidário. Em 14 de dezembro, Dom Paulo faleceu, mas seguirá entre nós, no exemplo de uma vida dedicada a luta por um outro mundo, um mundo de iguais.
Paulo Evaristo Arns, PRESENTE.