As últimas duas semanas trouxeram as marcas do que o sistema de exploração potencializa contra a humanidade: a barbárie.
No dia 25 de dezembro, um trabalhador ambulante foi assassinado a pancadas por tentar defender duas travestis na cidade de São Paulo. No dia 01 de janeiro de 2017, na cidade de Campinas/SP um homem matou sua ex-companheira, seu filho e mais 10 pessoas. Em todos os crimes as marcas da opressão contra às mulheres, homossexuais e a quem os defende. Esse ódio disseminado, nos últimos tempos tem sido intensificado por aqueles que se utilizam da opressão de gênero para intensificar a exploração ao conjunto da classe trabalhadora.
A opressão de gênero não nasceu com o capitalismo, mas foi por ele potencializada. Disseminar o ódio contra mulheres, homossexuais, negros, ajuda ao Capital a ampliar ainda mais a exploração contra o conjunto da classe trabalhadora formada por homens e mulheres, que são de todas as cores e orientação sexual. Fazem isso para tentar impor a diferença como desigualdade, e assim esconder o ser humano e a classe à qual pertence.
Também no dia 01 de janeiro de 2017, num presídio de Manaus/AM, sessenta pessoas foram assassinadas e o Estado faz de tudo para tentar justificar o injustificável, dizendo que o massacre ocorrido no Presídio Compaj foi um “acidente” patrocinado pela disputa entre facções criminosas. E no dia 06 mais de 30 foram assassinados, dessa vez num Presídio de Roraima.
O governo Temer/PMDB não define quem morreu como pessoa, nas palavras do próprio presidente, ele diz que se “solidariza com as famílias dos presos” e afirma que o massacre, foi um “acidente”. E vai além: a resposta do governo para o que aconteceu em Manaus, além de ser uma disputa entre facções, foi de responsabilidade da empresa terceirizada responsável pela administração do Presídio.
As perguntas que o Estado não vai responder: Quem permite a entrada de armas para dentro dos presídios? Quem patrocina, defende e quer ampliar a terceirização em todos os lugares, inclusive nos serviços públicos? Quem é conivente com a existência de organizações criminosas que aliciam os filhos dos pobres a serem soldados do tráfico, garantindo as mercadorias para os grandes consumidores que não moram nas favelas, que não estão encarcerados e vivem confortavelmente nos espaços da burguesia?
Os massacres nos presídios escancaram a ferida que começou antes do massacre do Carandiru no final da década de 80, o que esse sistema produz e que o Estado, mais do que ser conivente, é parte. Depois de serem submetidos a extrema pobreza, a maioria dos seres humanos que estão encarcerados serão tratados nos presídios como coisas, e fora de lá as vozes fascistas seguem gritando que aos encarcerados não deve haver nenhum direito humano.
O Estado tenta ocultar os seres humanos que foram exterminados. Tenta esconder a miséria extrema que entrega ao crime milhares de jovens, em sua maioria absoluta pobres e negros que são segregados por essa sociedade capitalista.
Vivemos um momento no Brasil, que o Capital avança em liberar seus agentes fascistas paras disseminar o ódio de classe, que tratam pobres encarcerados como escória e homossexuais como aberração a serem exterminados, que trata mulheres como mercadorias a serem submetidas, subjugadas e assassinadas. Ao mesmo tempo que faz isso, avança contra direitos contra as mulheres, homens, homossexuais, negros, brancos, indígenas que fazem parte de uma mesma classe, a classe produtora de riqueza, a classe trabalhadora.
O mesmo governo que diz que o aconteceu em Manaus foi um acidente, é o governo que deu um presente de Natal para os patrões há poucos dias: desmontar a Previdência, piorar ainda mais os serviços públicos em saúde e educação, aumentar a jornada de trabalho, diminuir salários e direitos, ou seja, aumentar a exploração contra o conjunto dos trabalhadores.
Não se submeter a indiferença, não aceitar como natural a barbárie e não ficar apenas na indignação: É preciso romper com as cercas que tentam nos dividir como seres humanos desiguais, quando desigual é a sociedade capitalista que explora o conjunto dos trabalhadores independente de nossa cor ou orientação sexual. Romper as cercas dessa sociedade capitalista que tenta manter e ampliar as condições que levam nossos jovens para a morte, seja no tráfico, na violência policial dentro e fora dos presídios. Romper as cercas da alienação e retomar as grandes lutas capazes de derrotar o Capital e seu Estado que tentam ampliar ainda mais a exploração e a opressão contra o conjunto da classe trabalhadora.
A solidariedade deve ser de classe, com aqueles que perderam seus filhos e companheiros.
Responder contra a barbárie, colocando a indignação em movimento e ampliando a luta contra o Capital e seu Estado.