INTERVENÇÃO NO RIO DE JANEIRO É CRIMINALIZAR A MISÉRIA

O caos no Rio de Janeiro não é só na área de segurança. Atolados em corrupção com ex-governador preso, um ex-presidente da Câmara preso, e outros que entram e saem da prisão, o caos é generalizado na saúde, educação e desemprego.

Além dessa situação, onde o péssimo atendimento e o sucateamento de escolas e hospitais aprofundam ainda mais as desigualdades, crianças e adultos pobres são atingidos por balas que, de perdidas, não têm nada.

Pela Constituição Federal, para entrar em sua residência, as forças de segurança precisam de ordem judicial. A aberração agora no Rio de Janeiro é que querem que o Judiciário autorize buscas com mandados valendo para um bairro inteiro sem especificar nem quem, nem o que estão procurando.

Isso é criminalizar a miséria como se todos os moradores das favelas fossem bandidos.

No governo federal e no governo do Rio de Janeiro, os que querem salvo conduto para impor ainda mais violência nessas comunidades são os mesmos que iriam ao STF para impedir esse procedimento se houvesse um mandado de busca para suas casas para encontrar um corrupto em condomínios de luxo, onde moram as cúpulas do Executivo, Legislativo, Judiciário e grandes empresários.

Como disse uma moradora: “para nós não muda nada; só muda quem vai matar, quem vai morrer já sabemos”.

A intervenção no Rio de Janeiro, disfarçada no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas é, na realidade, a potencialização da violência de Estado contra as principais vítimas: moradores das periferias, trabalhadores, jovens e crianças.