Desde abril desse ano, a Nicarágua tem as ruas das principais cidades, incluindo a capital Manágua ocupadas por grandes manifestações que começaram contra a proposta do governo de Daniel Ortega que tentava impor uma reforma da Previdência, diminuindo o valor das aposentadorias e pensões a aumentando o valor de contribuição a ser paga ao Instituto de Seguridade Social.
O setor empresarial e a burocracia sindical participaram das discussões com o governo e a exemplo de outros países, selaram um pacto que, quem vai pagar o pato são os trabalhadores. Os defensores da proposta chegam a dizer que as empresas serão “mais penalizadas” pois o reajuste das alíquotas para a Previdência, é maior para as empresas do que para os trabalhadores, ou seja, simplesmente se recusam a enxergar a distância gigantesca entre os lucros apropriados pelos patrões e os salários arrochados dos trabalhadores.
O governo de Daniel Ortega segue a cartilha dos demais governos que como gerente da máquina do Estado tenta impor reformas que atendam aos interesses da burguesia, as reformas da Previdência têm como marca principal atacar diretos básicos dos trabalhadores e abrir cada vez mais espaço para os fundos privados de pensão.
A violência que vem principalmente da repressão do Estado já deixou dezenas de mortos e centenas de feridos e os representantes da burguesia se aproveitam das manifestações para exigir eleições, ou seja, agora querem trocar o gerente da máquina do Estado para acelerar suas reformas. Ortega e seu governo tentam se ancorar no que foi a Frente Sandinista, mas há muito tempo abriram mão da luta junto a classe trabalhadora e aos movimentos populares que na década de 70 derrubaram o governo oligárquico de Anastácio Somoza. Há décadas sucumbiram a concertação de classes e sua proposta de reforma da Previdência é mais um exemplo de que gerenciam o Estado para atender os interesses capitalistas.
É preciso enxergar que o que acontece na Nicarágua segue o mesmo receituário do Capital no mundo todo, que se utiliza de seu Estado para impor mais ataques aos trabalhadores. Para enfrentar isso, a luta deve romper as cercas das nações e ser uma luta de classe, da classe trabalhadora.