O anúncio da equipe de transição do governo de Bolsonaro que quer criar a Carteira de Trabalho verde e amarela e acabar com o Ministério do Trabalho escancara que o objetivo é manter e ampliar o desemprego junto com a retirada de direitos.
Mais do que acabar com o Ministério do Trabalho, o futuro ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes soldado dos interesses dos patrões, com o discurso de combater gastos com vários ministérios, quer centralizar em suas mãos todas as políticas de governo que concentram os principais interesses do Capital no Brasil.
Com o fim do Ministério do Trabalho, a fiscalização das condições de segurança nos locais de trabalho e do respeito aos direitos trabalhistas que já é muito precária, vai acabar de vez. É liberar geral os patrões para seguirem impondo péssimas condições de trabalho que têm provocado o adoecimento e a morte de milhares de trabalhadores nos locais de trabalho.
Liberado pelo futuro presidente que já admitiu que de economia nada entende, mas que entende que sua função é atender os interesses daqueles que exploram os trabalhadores, o futuro ministro da economia e de várias outras áreas quer passar por cima da legislação e criar uma nova carteira de trabalho em que os patrões vão poder contratar não respeitando direitos.
Isso significa demitir milhares de trabalhadores que tem direitos adquiridos através de muita luta e em novas contratações os patrões estariam desobrigados a respeitar direitos trabalhistas, como limitação da jornada de trabalho, piso salarial e quaisquer direitos acima da CLT que estão garantidos nas Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho.
Além disso, os patrões não recolheriam mais a contribuição previdenciária, ou seja, para tentar se aposentar os trabalhadores teriam que pagar sozinhos a Previdência que se depender de Paulo Guedes será o modelo adotado no Chile, onde a contribuição é administrada por bancos privados e o resultado disso para os trabalhadores é o aumento da idade para se aposentar e a redução drástica dos valores das aposentadorias.
A intenção do governo não é combater o desemprego no país que já atinge mais de 20 milhões de trabalhadores, seu objetivo é garantir mais condições para que os capitalistas possam pressionar cada vez mais quem está empregado com extensas jornadas e mais arrocho salarial que na sequencia serão demitidos e depois contratar pagando menos e não respeitando direitos básicos.
Seu objetivo é manter o desemprego e a informalidade e para quem conseguir se manter no emprego ou conseguir um novo emprego terá direitos eliminados e mais arrocho salarial. Junto a isso a proposta do governo de reforma da Previdência tem como principal objetivo aumentar a idade para aposentadoria, diminuir os valores pagos para no máximo 70% do salário mínimo e para ter algo a mais do que isso, o trabalhador teria que arriscar seu salário em fundos de capitalização dos banqueiros. Ou seja, você teria que pagar uma previdência privada sem nenhuma garantia que no momento da aposentadoria teria de volta o que contribuiu, tudo dependeria do cassino dos grandes grupos financeiros.
As propostas de Paulo Guedes, o futuro ministro que se acha acima de todos e fala pelo futuro presidente em criar uma Previdência privada, uma carteira de trabalho completamente fora da CLT e de esvaziar por completo a fiscalização das condições de segurança e dos direitos trabalhistas até então obrigação do Ministério do Trabalho mostram que o objetivo principal do governo é garantir as condições que consigam ampliar ainda mais a exploração contra o conjunto dos trabalhadores.
Veja o que é o objetivo dos patrões e que o futuro governo segue a risca: os patrões vão demitir quem hoje é registrado pela CLT, contratarão outros pela carteira de trabalho verde e amarela com menos direitos e salários e manterão um alto índice de desemprego para poder pressionar cada vez mais quem está empregado a se submeter a qualquer coisa pra se manter no emprego.
O governo Bolsonaro diz que não vai mexer em direitos que estão garantidos na Constituição e a cada declaração que dá fica cada vez mais claro que sua intenção é mexer. Ao governo propor duas formas de contratação, uma garantida na lei através de nossas lutas e outra que corre pelos porões dos interesses patronais, faz com que caia as muitas máscaras montadas por esse governo durante a eleição.
Não é só uma proposta do tal super ministério de Paulo Guedes, é uma política do futuro governo que está a cada dia mostrando como num reality show como funciona: os patrões mandam suas pautas, ou seja, menos direitos, menos salários e a continuidade das demissões contra os trabalhadores, o tal super ministro obedece e vai decorar o texto com o futuro presidente que está lá para atender os interesses dos que concentram cada vez mais riqueza, espalhando a miséria para a grande maioria pobre e trabalhadora.
O futuro presidente tentou esconder de grande parte dos trabalhadores que seu discurso de menos direitos e mais empregos, na realidade era menos direitos, menos salários e a continuidade das demissões.
Se tem algo que esse futuro governo entende é que não vai governar para os interesses da maioria, mas sim daqueles que se beneficiam dos milhões dos desempregados, dos milhares que já estão morando na rua porque não têm nem o básico para sobreviver, dos que vendem sua força de trabalho e que estão com seus salários e direitos na mira do tiro, esses são alvo do governo de Bolsonaro.
Só as medidas judiciais indo pra cima das aberrações desse governo que diz respeitar a Constituição e ao mesmo tempo busca subterfúgios para burlar a própria lei não vão adiantar, é preciso se colocar em movimento.
Num curto período de tempo, dia após dia, o futuro governo de Bolsonaro se revela por inteiro. A hora de apagar as luzes da ilusão se aproxima a passos rápidos.
Para enfrentar os ataques não há outro caminho que não seja a luta do conjunto dos trabalhadores contra a retirada de direitos que estão presentes nas propostas de novas formas de contratação e no ataque a Previdência. Foi lutando que nossa classe garantiu os direitos que temos hoje, é lutando ombro a ombro que vamos impedir que eles acabem.