UM CRIME CONTRA OS QUE LUTAM POR CONDIÇÕES DIGNAS DE VIDA.

José Bernardo (Orlando) e Rodrigo Celestino

Na noite do dia 08 de dezembro, na cidade de Alhandra na Paraíba, dois trabalhadores rurais foram assassinados no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando e Rodrigo Celestino foram executados por homens encapuzados que invadiram o acampamento, renderam as outras pessoas que estavam presentes e dispararam vários tiros contra os dois militantes do MST, numa ação escancarada de crime político contra os que lutam por melhores condições de vida e trabalho.

Em 2009, um irmão de Orlando, Odilon Bernardo da Silva Filho, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragem, também foi assassinado e desde então, Orlando entrou para o Programa de proteção aos defensores de Direitos Humanos, mas novamente se impõe a violência do Capital e a conivência do Estado contra os que lutam.

O crime contra José Bernardo e Rodrigo atinge a todos os que lutam e à suas Organizações. É a ação do Capital também no campo para tentar exterminar o movimento de mulheres e homens trabalhadores que lutam muito além de acesso à terra para morar e plantar, lutam por condições dignas de vida.

Os assassinatos contra os militantes no campo não pararam, sejam massacres, como Eldorado do Carajás em 1997, sejam as emboscadas que levaram a morte, o Capital com o apoio do Estado segue matando.

E o futuro governo Bolsonaro, já durante a campanha mostrou que seu objetivo é intensificar o ataque aos direitos da classe trabalhadora e às suas Organizações, avançar na criminalização e na violência contra aqueles que estão comprometidos com a luta em defesa dos direitos e por melhores condições de vida e trabalho.

A cada 10 de dezembro, há 70 anos se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas não há o que se comemorar quando crianças morrem nas guerras imperialistas, morrem de fome nos campos de refugiados, morrem nas periferias ou nos grandes centros urbanos no Brasil pelas balas da Polícia, não há o que se comemorar quando direitos básicos dos trabalhadores estão sendo brutalmente atacados, não há o que se comemorar quando governos tentam tratar como terroristas, Organizações legítimas dos trabalhadores, como os Sindicatos e movimentos sociais comprometidos em defender a vida e a dignidade dos trabalhadores.

Além de exigir punição rigorosa aos que mataram José Bernardo e Rodrigo e aos mandantes de mais esse crime bárbaro contra os trabalhadores, é o fortalecimento da nossa resistência e luta que pode impedir o aumento da miséria e da violência contra os trabalhadores e às suas Organizações.

É preciso exigir que mais esse crime político não fique impune. Os assassinatos da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson, mortos em março desse ano até agora seguem impunes e só haverá a devida responsabilização e punição dos assassinos e mandantes através da mobilização intensa de todos aqueles que lutam contra o ataque à vida e aos direitos do conjunto de nossa classe.

É no fortalecimento da luta que rompe as cercas que tentam nos dividir entre categorias de trabalhadores e nacionalidades que vamos enfrentar a brutalidade do Capital que arranca a vida de nossa classe, através das péssimas condições de trabalho ou então pelas balas da repressão seja ela das armas oficiais ou oficiosas do Estado. Nossa solidariedade ativa a todos que fazem parte da vida de José Bernardo e Rodrigo, bem como nossa solidariedade ativa ao MST.

José Bernardo, Rodrigo e todos os nossos que foram mortos, estão presentes em nossa luta que segue e vai se ampliar.