A MEMÓRIA ARRANCADA DA CLASSE TRABALHADORA:

Em 13 dezembro de 1968, a ditadura financiada pela burguesia, impôs o Ato Institucional número 5 (o AI 5), que teve como consequência o exilio, tortura e morte de trabalhadores que lutavam por melhores condições de vida e trabalho.

A ditadura fez de tudo para esconder seu real objetivo que era de garantir mais e maiores condições para que o Capital pudesse avançar contra a classe trabalhadora.

Durante o endurecimento da ditadura militar, os trabalhadores foram submetidos a jornadas mais extensas e intensas que se mantêm ainda hoje, os reajustes salariais quando existiam eram muito abaixo da inflação, a carestia aumentou, ou seja, os salários não davam conta de pagar o básico para sobrevivência.

E a corrupção se alastrou pelos espaços do Estado: a infraestrutura do país continuou a ser direcionada para atender as demandas do Capital e na estrutura do governo militar, os empresários não pouparam esforços e gastos para agilizarem que seus interesses na máquina do Estado fossem atendidos. Os empresários tiveram através dos militares e de seus ministros civis, seus pleitos garantidos através do pagamento de propinas que só mudam a forma como são pagas hoje, mas que já existiam antes e também durante o governo militar.

O Capital agindo para aprofundar a exploração e a contenção da luta de classes: anos depois do AI 5, documentos são desengavetados e mostram como o Capital, agiu para endurecer o regime e conter a luta de classes no Brasil. Antes do AI 5, a classe trabalhadora se movimentava para intensificar os processos de luta, com greves marcantes, como foi a greve dos metalúrgicos na Cobrasma, empresa metalúrgica instalada na cidade de Osasco em São Paulo, a greve dos metalúrgicos em Contagem/MG em que os trabalhadores paralisaram empresas como a Belgo-Mineira e a Mannesmann. Além da repressão do governo colocando militares para atacar as manifestações, empresas multinacionais instaladas no Brasil, como a Volks financiaram os serviços de informação do governo para perseguir, prender e torturar, trabalhadores que organizavam a retomada das lutas. Fora do Brasil, outros movimentos ganhavam força, como na França, onde estudantes ocupavam as ruas de Paris, exigindo liberdade. Ou seja, o ano de 1968 foi mais um dos momentos em que o Capital agiu para conter a luta dos trabalhadores que se fortalecia exigindo liberdade e melhores condições de vida e trabalho.

As aparências enganam: o Capital agiu não só através dos governos da ditatura militar, mas também através de governos eleitos já na democracia para ocultar o que significou mais de duas décadas que matou parte de uma geração que lutava por um mundo melhor. A orfandade de memória histórica como classe, auxilia na política dos saudosos da ditatura militar para que se inscrevam como os salvadores da pátria, faz com que o capitão reformado e agora presidente Jair Bolsonaro e seus filhos homenageiem um torturador e assassino, como foi Brilhante Ustra, militar que na ditadura foi o responsável pela tortura e morte de trabalhadores.

Para combater isso, um dos passos importantes é revelar a memória histórica que foi arrancada da classe trabalhadora: conhecer sua própria história como classe trabalhadora, é parte fundamental para que os trabalhadores consigam enxergar o que os patrões e seus governos tentam esconder com o objetivo de tentar frear a luta, única ferramenta capaz de se contrapor ao aumento do arrocho salarial, do desemprego, da retirada de direitos.

Os direitos ameaçados hoje, o direito de lutar para que esses direitos não acabem, o direito de lutar por melhores condições de vida e trabalho foram garantidos porque enfrentamos os governos financiados pelos patrões. Lembrar e revelar o que foi o AI 5 é mais do que reafirmar a necessidade da luta, é mostrar que na história real da classe trabalhadora não existe outro caminho que não seja a luta da classe trabalhadora para exigir melhores condições de vida e trabalho.

Greve dos 100 mil

Greve em Osasco – Cobrasma