No dia 29 de julho aconteceu mais uma carnificina em presídios no Brasil, ao menos 57 pessoas foram assassinadas dentro de um presídio em Altamira, que fica na região sudoeste do Pará. Esse é o segundo massacre em presídios no país no ano de 2019; em maio, 55 pessoas foram assassinadas em presídios do Amazonas.
Na transferência de pessoas presas desse presídio para outro, mais mortes: 4 pessoas morreram asfixiadas dentro do caminhão que as transportava. Os governos se limitam a dizer que se trata de mais um confronto entre facções e dessa forma tenta esconder a dura realidade que transborda a olhos nu: o Brasil está entre os países que mais prende no mundo, seu sistema prisional é um depósito de seres humanos que brutaliza e subtrai qualquer possibilidade de resgate da dignidade desses homens e mulheres que cumprem pena.
Presídios superlotados e em péssimas condições, conivência e corrupção por parte dos agentes do Estado com o crime organizado, essa é realidade no país em que aproximadamente 40% das pessoas presas não foram sequer julgadas em primeira instância, como aponta dados divulgados em 2016 pelo Departamento Nacional Penitenciário (Depen).
Enquanto mães, pais, irmãos, esposas e filhos buscavam notícias por sobreviventes e os corpos dos seus, mais descaso dos agentes do Estado: a maioria das famílias não conseguiu velar e enterrar seus parentes devido ao estado de decomposição dos corpos. Enquanto mais essa violência extrema que brutaliza e mata seres humanos acontecia, Bolsonaro vomitava mais uma declaração carregada do sarcasmo daqueles que odeiam os pobres, mas não sua realidade: “Pergunta para as vítimas dos que morreram lá”, foi isso que falou o presidente num tom de quem comemorava a morte de mais de 50 seres humanos, entre eles um jovem de 22 anos, Efrain Mota, que cumpria pena desde 2018 por ter roubado um celular.
Não se combate o crime organizado com mais violência estatal e apologia à pena de morte e ódio contra as vítimas da miséria provocadas por essa sociedade dividida em classes.
É preciso não sucumbir à ideologia burguesa que se impõe para naturalizar a brutalidade provocada pelo sistema capitalista, é preciso se colocar em movimento contra esse sistema que sobrevive da exploração do conjunto de nossa classe.