Primeiro foi o desrespeito de tentar impor como auxílio emergencial em meio à pandemia a esmola de R$200,00 para trabalhadores desempregos e na informalidade, depois a demora e a burocracia impostas pelo governo para acessar o auxílio emergencial de R$ 600,00 e o sofrimento continua para ter acesso a esse valor que está longe de garantir o mínimo necessário para a sobrevivência de milhões que padecem com o desemprego.
O governo Bolsonaro centralizou o pagamento do auxílio emergencial na Caixa Econômica Federal e isentou os bancos privados de executar esse serviço, ou seja, aqueles que receberam mais de R$ 1 trilhão em verbas públicas estão livres das filas que se aglomeram nos bancos públicos, colocando na mira do novo coronavírus os trabalhadores, sejam aqueles que estão nas filas tentando receber o auxílio emergencial, sejam os bancários.
Na fila está parte da nossa classe que há muito tempo está sem emprego, outros tantos há muito tempo na informalidade, outros milhares de mulheres e homens que há muito buscam pela sobrevivência, todos comungam do mesmo desespero: a dificuldade para receber o auxílio provocada pela burocracia e negligência desse governo da morte, o desespero da fome que bate à porta de quem já quase nada tem.
Com a falsa propaganda que o tal aplicativo para o recebimento do auxílio emergencial evitaria aglomeração nas agências, evitando a proliferação do vírus, a realidade mostrou o contrário: grande parte das pessoas que buscam o auxílio emergencial sequer tem dinheiro para comprar o leite de seus filhos, que dirá acesso a internet para baixar o aplicativo.
Dessa forma, a cada dia são milhares que se aglomeram nas filas, e dentro das agências estão os bancários na linha de frente do atendimento sem as mínimas condições de trabalho e proteção. As jornadas de trabalho em muitas agências têm ultrapassado 10 horas, a Caixa opera com metade do efetivo, já são vários bancários contaminados e em outros bancos, como o Santander em São Paulo já houve morte de uma bancária provocada pela COVID-19.
O governo genocida de Bolsonaro que quer privatizar tudo que pode se tornar fonte de lucro para o Capital, da mesma forma que avança no sucateamento do SUS, se utiliza da Caixa nesse momento como banco público para concentrar todo o pagamento do auxílio emergencial, enquanto os bancos privados seguem empenhados em seus negócios.
Esse governo da morte assiste com prazer o sofrimento dos trabalhadores na fila e nos bancos e avança em sua crueldade ao vetar a extensão do pagamento do auxílio emergencial para outras categorias como pescadores artesanais, entregadores de aplicativos, diaristas, agricultores familiares, catadores de material reciclável entre outras.
Contra tanto desrespeito aos direitos e à vida, é preciso transformar a justa indignação em luta, rompendo as cercas que tentam nos apartar, as cercas criadas para não nos reconhecermos como classe. Quem está na fila é trabalhador, quem está dentro do banco atendendo a fila também é trabalhador, nossos inimigos são os mesmos: os patrões e seu governo capacho que diariamente tem colocado a classe trabalhadora na mira da morte, seja pela contaminação do coronavírus, seja pela fome.