O Capital e seus governos se aproveitam da pandemia para intensificar os ataques à classe trabalhadora e buscar saídas para sua crise econômica e política.
Com a interrupção das aulas presenciais, muitos trabalhadores da educação tiveram seus salários cortados. O Estado retira direitos sem nenhuma preocupação com a sobrevivência desses profissionais e de suas famílias. Nas escolas privadas, as demissões aumentaram. Os patrões provocam a carnificina nos empregos e salários para proteger seus interesses particulares. Além de sermos contrários a essas medidas absurdas, estamos em luta na defesa dos salários, empregos e direitos.
As votações na Câmara e no Senado das Medidas Provisórias 936 e 927 mostram novamente que também o Congresso Nacional está em função de atender o capital e não os trabalhadores.
Sabemos que o processo de precarização do trabalho dentro da educação começou bem antes da pandemia. Essa precarização se dá das mais diversas formas, sendo a mais básica o arrocho salarial. Com a pandemia, os governos querem impor o arrocho como “sacrifício necessário”, que só é exigido dos trabalhadores.
Outra forma de precarização é a retirada de direitos, cuja conquista custou muita luta política dos trabalhadores organizados em seus sindicatos, como o 1/3 extra-classe/hora-atividade, além de outros direitos como nossos planos de carreira, licenças remuneradas, assim como as progressões funcionais ou por tempo de serviço.
Nesse momento, muitos estados e municípios estão implementando a educação à distância. Fizeram contratos com a empresa Google para a implementação de pacotes tecnológicos em milhares de redes públicas pelo país. Os patrões aumentam os seus lucros e o Estado diminui o investimento na educação pública, precarizando ainda mais o trabalho educativo. O que vemos atualmente com essas plataformas, que nos são impostas sem que tenhamos direito a qualquer forma de discussão sobre sua elaboração, é apenas parte desse processo de precarização que já vem de muito tempo.
As tecnologias não estão à disposição do conjunto de nossa classe, elas são a cada dia aperfeiçoadas para atender os interesses privados dessas empresas. Sabemos que na sociedade de classes, não são os trabalhadores que controlam as tecnologias. Ao contrário: o Capital se utiliza delas para impor mais arrocho salarial, retirada de direitos e demissões. Assim, os trabalhadores da educação vão sendo demitidos cada vez mais ao longo dos anos. Nesse período de crise, o capital e o seu Estado avançam os trabalhadores da educação e ao conjunto de nossa classe.
Além dessas questões, ressaltamos também a marginalização escancarada dos estudantes mais pobres com a necessidade de educação remota. Os estudantes mais pobres não têm acesso à internet, não possuem aparelhos celulares ou estes são compartilhados com toda a família, não possuem locais adequados para o estudo e também sofrem com a falta de alimentação, muitas vezes fornecida pela escola. Todos esses fatores evidenciam ainda mais a farsa da educação a distância e os problemas e defasagens das políticas educacionais para a classe trabalhadora e seus filhos.
Sabemos que para manter o funcionamento das escolas não bastam professores. São muitos trabalhadores que atuam na educação, recorrentemente recebendo salários rebaixados e vítimas da terceirização. Trabalhadores da merenda e limpeza, em sua imensa maioria mulheres, precisam ter assegurada a proteção à vida, garantindo que não se coloquem em risco por trabalhar no meio de uma pandemia, muitas vezes sem equipamentos de proteção, em benefício apenas da ânsia do sistema em obter lucro sacrificando vidas.
Os ataques à educação se intensificaram ainda mais com o governo genocida de Bolsonaro. Logo que assumiu o governo, Bolsonaro e sua corja atacaram brutalmente a educação com cortes das verbas públicas que atingiram do ensino superior e da pesquisa até a educação infantil. Para esse governo da morte, a escola não deve ser espaço para que a criança e o jovem adquiram conhecimento que os faça enxergar a realidade do mundo e agir sobre ela. Para esse governo, a escola deve ser o lugar de adestrar seres humanos para servir aos interesses do Capital.
O asqueroso ex-ministro da educação, Abraham Weintraub, foi colocado nesse ministério para tentar impor na educação a ideologia do governo Bolsonaro, que odeia negros, mulheres, LGBTs, que abomina ver filhos da classe trabalhadora nas Universidades Públicas, que nega a ciência e o conhecimento. Antes de sair do Ministério, o ex-ministro revogou uma portaria cortando as cotas para negros e indígenas nos cursos de pós-graduação. Ou seja, sai como entrou, um asqueroso ser servil aos interesses desse sistema capitalista que sobrevive às custas da exploração e da opressão de nossa classe.
É urgente resistir aos novos e velhos ataques aos direitos já conquistados pelos trabalhadores da educação. Enfrentar o abismo educacional já existente entre os trabalhadores e os filhos da burguesia que se aprofunda ainda mais. Seguimos firmes na luta contra as demissões, em defesa dos salários e de condições dignas de vida, também nas trincheiras da educação em conjunto com a luta de toda a nossa classe.