DERROTAR O GOVERNO GENOCIDA DE BOLSONARO ALÉM DA URNAS

A cada crise cíclica, o Capital escancara que a principal arma para superá-la é o aprofundamento dos ataques à classe trabalhadora.

Nas saídas da crise de 2008/2009 além de demissões em massa, o Capital impôs reformas profundas na Previdência e nas legislações trabalhistas, fez isso no centro do sistema, nos EUA, na Europa e as intensificou nos países da América Latina, esses ataques se prolongaram na última década.

O Capital opera a gerência da máquina do Estado de acordo com suas demandas: por vezes financia ditaduras para através do aumento da repressão aprofundar seus ataques à classe trabalhadora, em outros períodos busca a conciliação de classes tentando envolver os trabalhadores através de suas Organizações de representação para manter os ataques dando-lhes uma roupagem de pacto social para o bem comum, noutros momentos busca formas de governos híbridos em que mesmo que não haja ditadura, a repressão se intensifica e a alienação é usada como ferramenta para retroceder a luta dos trabalhadores.

O ascenso da direita nos últimos anos no Brasil, nos demais países da América Latina, Europa e também no centro do sistema, é o exemplo dessa forma híbrida de governos que desenterram dos esgotos das ditaduras militares financiadas pela burguesia os ratos racistas, misóginos, homofóbicos que se arvoram defensores da “família,”, covardes que a depender do governo se escondem ou saem de seus porões vomitando seu ódio contra a classe trabalhadora e suas Organizações. 

As diversas formas de governo revelam que o Estado é operado pelo Capital para gerenciar suas demandas que se mostra por inteiro a cada crise cíclica e periódica portanto é tarefa da classe trabalhadora e de suas Organizações além de não depositar nenhuma ilusão que é no espaço do Estado que avançaremos na luta pela emancipação da humanidade, fortalecer a luta direta contra o Capital e seus capachos governos de plantão.

Durante a pandemia que ainda não acabou, o Capital novamente se aproveita de mais uma tragédia para aprofundar os ataques à classe trabalhadora. Milhões de vidas foram arrancadas para além de vírus, pelo negacionismo dos governos, como o governo Bolsonaro, pela miséria provocada pelo Capital que ampliou demissões, exterminou direitos para recuperar e ampliar seus lucros. A maioria das vidas arrancadas são da classe trabalhadora.

No Brasil o  que já estava muito ruim piorou com o governo genocida de Bolsonaro: vivemos num país formado a partir da colonização europeia que exterminou vidas dos povos indígenas, que usou a força de trabalho e vidas de negros e negras arrancados da África sendo escravizados, um país em que o Capital se utilizou de ditaduras militares para garantir o aprofundamento da exploração contra a classe trabalhadora e que também se utilizou da democracia representativa para seguir gerindo seus interesses na máquina do Estado.

Uma das armas tão bem utilizadas pelo Capital foi o sequestro da memória coletiva da classe trabalhadora potencializando a alienação. Um país que dizimou indígenas e que ainda hoje não os reconhece como os povos originários, que compensou financeiramente os que se utilizaram da escravidão de negras e negros após o seu fim, que exilou, torturou e assassinou centenas de milhares na ditadura financiada pela burguesia e praticou outra violência: tentar apagar e distorcer a história de resistência e luta da classe trabalhadora.

A recente democracia no Brasil acompanhada dessa ausência da memória coletiva da classe trabalhadora permitiu que governos pós ditadura, como Collor, FHC fossem gerentes diretos dos interesses capitalistas na máquina do Estado. O PT após se mostrar “capacitado” para manter a alienação pregando um mundo melhor através de conciliação de classes foi consentido pela burguesia para também gerenciar suas demandas na gerência do Executivo Federal.

Nos últimos anos novamente o Capital faz o movimento de trocar seus gerentes na máquina do Estado para acelerar e aprofundar a exploração contra a classe trabalhadora. No Brasil impuseram o impeachment contra Dilma em 2016 e a prisão de Lula em 2018, pois o PT não era mais funcional para suas demandas nesse período.

Com Temer/MDB o Capital conseguiu impor a terceirização irrestrita e materializou a principal reforma dos patrões, a reforma trabalhista que abriu as portas para o extermínio de direitos e a tentativa de destruição dos instrumentos de defesa dos trabalhadores, como os Sindicatos.

Bolsonaro não era o candidato do Capital, mas ao ver sua candidatura com Geraldo Alckmin/ ex-PSDB derreter não teve nenhum problema de tê-lo como seu próximo gerente no Executivo.

Bolsonaro se elegeu não só pelas mentiras nas redes sociais, mas fundamentalmente pela situação econômica provocada pela ação do Capital para sair de sua crise e pela alienação imposta aos trabalhadores. Desde que assumiu a Presidência tem feito um governo junto àqueles que de tempos em tempos emergem dos esgotos do que há de pior na sociedade brasileira.

Seu governo ataca as terras indígenas e quilombolas à serviço do agronegócio, estimula o racismo, a misoginia e a homofobia e junto a isso corta drasticamente investimentos públicos no combate a violência de gênero, orientação sexual e combate ao racismo.

Seu governo impôs uma reforma da Previdência que obriga os trabalhadores a trabalhar até a morte e tenta aprofundar os ataques da reforma trabalhista, ao propor novas alterações nas contratações de trabalho com o objetivo de liberar os patrões a pagar salários menores que o salário-mínimo, passar por cima dos direitos e destruir as Organizações dos trabalhadores.

Bolsonaro e seu governo têm suas digitais nas mortes durante a pandemia. Seu governo negou a gravidade da pandemia, boicotou as vacinas, impôs Medidas Provisórias que liberaram os patrões a demitirem em massa, reduzir salários e diminuir direitos.

Bolsonaro ampliou o que dizia condenar: através do Ministério da Saúde, seu governo criou uma rede de corrupção para compra de vacinas não autorizadas ao mesmo tempo em que atrasou a chegada das vacinas já utilizadas pelo mundo inteiro para combater a COVID 19, junto a isso fez acordo com os parlamentares fisiológicos  na Câmara dos deputados e no Senado para tentar a aprovação de suas pautas que têm por objetivo ampliar as privatizações, destruir os serviços públicos e o que resta da Amazônia. Sua agenda tem como prioridade acabar com os direitos da classe trabalhadora.

Derrotar o governo Bolsonaro e fortalecer a luta classe trabalhadora contra o Capital: a maioria dos trabalhadores no Brasil têm demonstrado sua indignação contra o governo Bolsonaro, são centenas de pedidos de impeachment engavetados pelo Parlamento através de Rodrigo Maia e por Arthur Lira ex e atual presidente da Câmara dos deputados, a força das manifestações iniciadas em maio de 2021 mostram que a maioria da população trabalhadora quer o fim desse governo.

Os partidos de oposição ao invés de fazer a devida pressão para que o processo de impeachment avançasse se voltaram para as eleições de 2022, ao invés da luta direta dos trabalhadores, sua escolha foi somente a disputa institucional. 

Dentro da disputa nessas eleições para além da candidatura do PT com Lula, estão aqueles que estiveram com Bolsonaro, como o ex-juiz Sérgio Moro/Podemos ex-ministro da Justiça do atual governo, entre outras candidaturas que tentam se inscrever para serem os próximos gerentes dos interesses do Capital no Estado.

Votar em Lula para pôr fim ao governo Bolsonaro e seguir enfrentando as ações de conciliação de classes do governo do PT: a Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora coerente com seus princípios e prática ao mesmo tempo em que não se omitirá em relação as eleições de 2022, também avançará na reorganização da classe trabalhadora contribuindo para ampliar a luta contra os ataques do Capital e de qualquer governo de plantão.

Dessa forma, mais do que indicar o voto em Lula/PT nas eleições que ocorrem em outubro de 2022, exigimos do próximo governo:

– A revogação imediata das reformas trabalhista de 2017e previdenciária de 2019 e de todas as demais medidas que atacam os direitos sociais e trabalhistas.

– Respeito às terras indígenas e quilombolas.

– O fim de todas as ações que atacam a Amazônia e o meio ambiente.

– A revogação de todos os projetos de privatização.

– O arquivamento da reforma administrativa e de todos os projetos que atacam o serviço público.

– Retorno e ampliação dos investimentos públicos em programas de combate ao racismo, à violência de gênero, orientação sexual.

Votar em Lula nas eleições de 2022 para derrotar o governo Bolsonaro significa uma parte das tarefas que a classe trabalhadora tem no Brasil na principal luta contra o Capital e seu Estado.

Sendo Lula eleito, ampliaremos nossa luta contra as ações de conciliação de classes que o governo do PT tentará ressuscitar. 

Enfrentaremos o governo defensor do pacto social que tentará impor falsos símbolos de união entre classes como em 2002 ao ter como vice-presidente um empresário, como José Alencar e agora um outro representante da pauta do Capital, Geraldo Alckmin (ex-PSDB atual PSB)  para simbolizar a falsa conciliação entre desiguais.

Mas, antes de enfrentar mais um governo que busca a conciliação de classes, há que se derrotar o governo genocida de Bolsonaro.

Nossa ação nas eleições de 2022 é contribuir para a derrota do governo Bolsonaro e mostrar que não é no espaço do Estado capitalista que a classe trabalhadora garantirá suas reivindicações.

Mais importante é fortalecer a luta de nossa classe em cada local de trabalho, moradia e estudo, combatendo o Capital e quaisquer de seus governos de plantão.

É dessa forma que avançaremos na luta pelo fim dessa sociedade capitalista, é assim que construiremos as condições para uma sociedade em que ser diferente não signifique ser desigual, onde o fruto do trabalho seja socializado, uma sociedade socialista.