MAIS UM CRIME POLÍTICO E DE RACISMO

Bernadete Pacífico, foi assassinada no dia 17 de agosto na região metropolitana de Salvador

Maria Bernadete Pacífico, líder quilombola foi assassinada na noite do dia 17 de agosto, o crime é mais um exemplo do racismo institucionalizado num país em que a estrutura do Estado segue operando para manter a impunidade e banalizar a vida de mulheres e homens negros, que banaliza a vida dos que lutam.

Bernadete fazia parte da Coordenação Nacional de Articulação dos Quilombos (Conaq), uma liderança quilombola e teve o filho mais novo arrancado de seus braços, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos de 36 anos também foi assassinado em 2017. Seu filho também era uma liderança quilombola e o crime continua até hoje impune.

Bernadete era líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, Yalorixá, conhecida como mãe Bernadete também foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA).

Os criminosos invadiram o terreiro da comunidade, fizeram familiares reféns e executaram Bernadete, uma mulher negra, líder quilombola que também atuava por garantir respeito pelas religiões de matriz africana.

As lideranças das comunidades quilombolas e terreiros de Simões Filho/BA são ameaçadas constantemente por grupos ligados à especulação imobiliária, interessados em invadir as terras. O município em que aconteceram os assassinatos de Bernadete e seu filho fica na região metropolitana de Salvador e a capital da Bahia foi identificada pelo Censo Quilombola do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como a capital com a maior população quilombola do país. São quase 16.000 quilombolas.

Bernadete foi executada na frente de seus netos, um deles filho de Flavio Gabriel, o filho de Bernadete, mais conhecido como Binho que foi morto em 2017. Bernadete já havia denunciado que tanto ela como outras lideranças quilombolas estavam sendo ameaçadas por grupos ligado à especulação imobiliária .

Não adianta só notas indignadas dos governos lamentando o crime é preciso punição: o estado da Bahia há tempos é governado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o governo federal de Lula recriou o Ministério dos Direitos Humanos e criou o Ministério da Igualdade Racial, mas até agora nenhuma medida de fato foi feita no sentido de criminalizar e punir os crimes de racismo e os crimes que matam mulheres e homens que dedicam a vida à luta por direitos, terra, moradia, que enfrentam os interesses do Capital. 

O crime que arrancou a vida de mais essa mulher é mais um crime que escancara o racismo institucionalizado, a intolerância religiosa que mostra que o principal alvo são as religiões de matrizes africanas, além disso, é um crime político praticado por aqueles que matam para usurpar a terra para seus interesses privados.

Além de nossa solidariedade a todos da comunidade Pitanga dos Palmares, lugar que Bernadete e seu filho tanto contribuíram para a luta do conjunto das comunidades quilombolas, nos somamos à luta que exige punição a mais esse crime, ações que de fato combatam o racismo, como também punição aos crimes que matam os que lutam por direitos, terra, moradia, dos que lutam em defesa da vida.