Essa violência que novamente escancara o racismo institucionalizado nas entranhas do Estado ocorreu no dia 17 de fevereiro na cidade de Porto Alegre/RS.
A vítima é Everton Henrique Goandete da Silva, de 40 anos, um trabalhador negro que trabalha como motoboy e foi agredido por Sérgio Camargo Kupstaitis de71 anos, um homem branco morador de um dos prédios que fica próximo onde os motoboys se reúnem para realizar suas entregas.
Esse homem que não é a primeira vez a hostilizar os entregadores, numa demonstração que além do racismo revela seu ódio de classe, atacou Everton como um canivete, ou seja, estava disposto a que? A matá-lo?
Para completar o ciclo de horror imposto a quem tem um alvo no corpo por sua cor e sua classe, quando a Polícia Militar foi acionada por conta da tentativa de homicídio contra Everton, ao invés de imediatamente deter o agressor o que fez foi agredir Everton, algemá-lo e detê-lo. Em relação ao racista esse foi tratado com muita cordialidade pela repressão do Estado e só foi detido depois da pressão daqueles que flagraram mais essa prática criminosa de racismo.
Quem cometeu o crime foi detido, mas levado para Delegacia como um convidado no banco de traz da viatura, já a vítima ferida foi jogada na parte de traz do camburão.
Cada passo dessa ação de horror praticada pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul, mostra que o braço armado do Estado é treinado para agredir e matar tendo como alvo preferencial a cor e a classe social, são os negros trabalhadores os que mais morrem nas periferias e grandes centros do Brasil. É o Estado do Capital que tem em suas entranhas o racismo que mata parte de nossa classe e seus filhos a partir de sua cor.
Até agora somente se abriu uma sindicância para apurar a ação dos quatro militares que agrediram e levaram a vítima detida para Delegacia, a delegada responsável pelo caso registrou a ocorrência colocando a vítima e o agressor ambos como agressores e não há o devido rigor para apurar a prática de racismo por parte dos policiais.
Esse é mais um exemplo que a criação por parte do governo Lula do Ministério da Igualdade Racial, a reativação do Ministério dos Direitos de Humanos até agora se limitaram a ações carregadas de simbolismos, mas ausentes de políticas públicas que de fato combatam as práticas racistas e punam os responsáveis por esses crimes dentro e fora da estrutura do Estado.
Só simbolismos não irão proteger as vidas de negros e negras e seus filhos, é preciso combater as práticas institucionalizadas que matam .
A luta é antirracista e anticapitalista, pois não há luta contra o racismo que avance sem que essa luta não seja contra essa forma de sociedade capitalista que submete seres humanos a opressão e à exploração, uma luta que é do conjunto da classe trabalhadora.