Dia 28 de junho é um dia para marcar a luta da classe trabalhadora pela diversidade e emancipação humana, contra o capitalismo que nos fere e mata.
Uma pessoa amarrada à boca de um canhão como pena de morte por ser homossexual. A execução dividiu o corpo em duas partes. Essa história de terror, escondida ao longo dos séculos, ocorreu no Maranhão, por volta de 1613 nesse que pode ser o primeiro caso de assassinato por causa da homofobia no país. Segundo o antropólogo Luiz Mott, recuperar os detalhes do que ocorreu e garantir divulgação ao caso é importante não apenas para reconhecer o esquecimento do passado, mas também para se indignar com a atualidade.
O assassinato, ocorrido no século 17, teve como vítima um indígena Tibira (termo genérico tupinambá alusivo à homossexualidade). Ele foi acusado de “sodomia”, um pecado aos olhos do fundamentalismo religioso e da intolerância homofóbica por parte dos missionários franceses no Maranhão.
Em 2022, um casal gay foi morto a tiros na cidade de Icó, distante cerca de 384 quilômetros de Fortaleza/CE. Moradores confirmaram que os dois eram companheiros e foram mortos por homofobia.
Jovem gay é morto com golpes de picareta e corpo é jogado em cisterna no DF. Acusado é preso e diz que “perdeu a paciência”; crime ocorreu no setor habitacional da comunidade Sol Nascente.
Nos últimos quatro anos o que enfrentamos no Brasil foi a junção de todo ódio de classes manifestado pelo governo Bolsonaro e a extrema-direita.
Bolsonaro disse quando era deputado que preferia ter um filho morto a ter um filho homossexual.
Logo que assumiu seu governo, retirou LGBTs das diretrizes de Direitos Humanos e suspendeu editais para filmes que tivessem a temática LGBT, ou seja, se utilizou da caneta de presidente para colocar em movimento seu ódio LGBTfóbico.
Em 2022, derrotamos nas urnas esse governo genocida, cruel e que destilava todo desprezo e naturalização da violência contra as diferenças. Seja pelo racismo aos indígenas e pretos, seja pela misoginia e horror do machismo ou pela indiferença e desprezo das diversas formas de afetos pela LGBTfobia. Mas ainda há muito luta para ser feita para derrotar o extremismo e o culto a morte na política.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) vestiu uma peruca, durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, no último 08/03, Dia Internacional de lutas das Mulheres, o parlamentar alegou que “sentia-se uma mulher transexual” e, por isso, teria “lugar de fala” na tribuna naquele dia, que é prioridade as deputadas tomarem a palavra. Um crime claro de transfobia em pleno parlamento do Congresso Nacional.
Na sequência dos horrores do fundamentalismo o pastor-empresário André Valadão atacou o Dia 28 de Junho, dia do Orgulho e da Luta contra a homofobia celebrado no mundo; no palco de um culto em sua igreja, em 4 de junho colocou uma faixa, com a frase “Deus odeia o orgulho”, decorada com as cores do movimento LGBTIA+, o pastor fez uma pregação extremista, incitando o ódio e negando o direito à diferença.
Stonewall mantem viva a memória e o despertar da revolta de 28 de Junho de 1969
Em 1969, na cidade de Nova York num bar chamado Stonewall Inn, a indignação contra tanto desrespeito e violência contra gays, lésbicas, transexuais se colocou em movimento. No dia 28 de junho, não só frequentadores daquele espaço, mas centenas de LGBTQIA saíram às ruas para protestar contra a violência policial e, mais do que isso, para gritar pelo direito de existir conforme sua orientação sexual e identidade de gênero.
Manifestações em defesa da vida e dos direitos de LGBTQIA se espalharam em diversos lugares do mundo e assim o 28 de junho marca a luta contra a discriminação e o desrespeito que fere e mata.
De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBTQIA é morta no país. Segundo a Rede Trans Brasil, a cada 26 horas, aproximadamente, uma pessoa trans é assassinada no país. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos.
Os crimes são carregados de requintes de crueldade, o que mostra como a alienação e o preconceito alimentam o desrespeito que mata e fere quem tem a coragem de existir conforme sua orientação sexual.
Por tudo isso, mais do que no 28 de junho, mas todos os dias, como dizia a nossa camarada Rosa Luxemburgo: “por mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”, a luta contra LGBTfobia só vai avançar na luta de nossa classe, somente enfrentando os preconceitos impostos nos mais diversos espaços da convivência humana e enfrentando esse sistema que se mantém na exploração e opressão que vamos vingar nossos mortos e viver numa sociedade onde ser diferente não signifique ser desigual.
Como diz o nosso grande camarada Eliezer, “Esmorecer jamais, recuar nunca e enfrentar sempre!” A luta segue por meio de todos e todas que sonham e lutam por uma nova sociedade, uma sociedade socialista, sem exploração e opressão.