PLENÁRIA NACIONAL DA INTERSINDICAL: NA BASE, COM A CLASSE TRABALHADORA E NÃO EM SEU NOME FORTALECER A LUTA CONTRA O CAPITAL, SEU ESTADO E SEUS CAPACHOS

Nos dias 25 e 26 novembro na cidade de Santos/SP aconteceu a Plenária Nacional da Intersindical, momento de análise do que como classe vivemos no Brasil e no mundo e de traçar as tarefas para o próximo período.

Metalúrgicos, Têxteis, Sapateiros, Químicos, Radialistas, Trabalhadores nos Correios, Trabalhadores do Estado entre outras categorias se reuniram vindo de duras e intensas batalhas para além de balanço, discutir as principais tarefas de enfrentamento contra o Capital, seus governos e seus aliados ainda presentes no movimento.

Nossa luta de resistência que tem impedido o avanço da reforma trabalhista em diversas categorias, teve o devido destaque durante a Plenária, pois num momento em que os patrões tentam de tudo para fugir dos direitos que estão nas Convenções e Acordos Coletivas de Trabalho, os Sindicatos que fazem parte da Intersindical seguem na base organizando o enfrentamento que tem impedido a retirada de direitos.

Para além disso, na luta geral de nossa classe, a firmeza nos princípios de independência em relação aos patrões e governos e autonomia em relação aos partidos é fundamental para mais do que ler a conjuntura, avançar na organização do enfrentamento contra o Capital.

No mundo seguimos sofrendo as ações impostas pelo Capital que significam mais arrocho salarial, mais fome, menos direitos. As guerras e conflitos financiados e dirigidos pelo imperialismo trazem o lastro de destruição e mortes de crianças, jovens, mulheres e homens trabalhadores, enquanto a indústria bélica comemora seus lucros com os crimes contra a humanidade e a indústria da construção civil se prepara para lucrar bilhões para reconstrução do que propositalmente foi destruído.

No Brasil vivemos um ano de governo Lula sem nenhuma surpresa ao vê-lo buscar cada vez mais alianças com o centrão e até mesmo com setores da direita e se submeter as imposições do Capital como a suspensão da Portaria que exigia Acordos Coletivos para os trabalhos aos domingos e pior; sua submissão a reedição pelo Congresso Nacional do Projeto de Carteira Verde Amarela que retira ainda mais os direitos dos trabalhadores e nada, nenhuma ação no sentido da revogação das reformas trabalhista e previdenciária.

Não nos surpreende sua política fiscal que tenta guardar apenas migalhas para os setores de nossa classe mais empobrecidos enquanto quer novamente de mostrar como bom gerente dos interesses da burguesia.

Votar em Lula para derrotar Bolsonaro foi uma das importantes e necessárias ações de 2022 e o fizemos sem enganar ou iludir a nossa classe.

Portanto em cada local em que estamos a tarefa principal segue sendo enraizar nossa organização na base para fortalecer a luta dos trabalhadores em seu conjunto; os que se encontram na formalidade, na informalidade, nas empresas terceirizadas e nas demais formas de contratação precarizadas.

Retomar com vigor a solidariedade de classe internacional também é tarefa que se coloca urgente: dar visibilidade a importante greve dos trabalhadores nas montadoras nos EUA que avançaram em seus Acordos Coletivos é importante para mostrar o movimento de nossa classe que os meios de comunicação do Capital tentam ocultar e mais importante se coloca agora é nossa solidariedade ao povo Palestino que se materializa em denunciar ao mundo o genocídio promovido por Israel.

A Plenária também foi momento de solidariedade ativa a luta dos povos originários.

Organizamos junto ao Sindicato dos Têxteis de Blumenau que fazem parte da Intersindical a vinda de representantes dos povos originários da etnia Laklanõ Xokleng que tem suas terras no município de José Boiteux, no Vale do Itajaí em Santa Catarina.

Essa comunidade vive intensos ataques principalmente a partir da construção da barragem na década de 1970 pelo governo da ditadura militar. Ano, após ano tiveram suas terras e sua cultura desrespeitadas ao ponto do governo municipal tentar um projeto de lei que impusesse a língua portuguesa, como única língua oficial, num claro objetivo de dificultar e impedir o acesso dos indígenas a direitos básicos e mais um ataque a resistência dos povos originários.

Nesse ano, no mês de outubro, o governo estadual de Jorginho de Mello/PL enviou a tropa de choque da Polícia Militar para a terra indígena e a tiros de bala de borracha, gás e bombas abriu a barragem.

Desde então as 985 famílias que vivem nas 9 aldeias totalizando quase 4mil indígenas entre elas centenas de crianças estão sob a lama, sem acesso a água potável, sem atendimento à saúde, sem escola e alimentação digna.

O governo estadual, capacho do ex-governo genocida de Bolsonaro agiu com o braço armado do Estado para atacar os indígenas com o discurso hipócrita de que era necessário por conta das enchentes e o governo Lula com seu novo Ministério dos Povos Originários não fez nada até agora que de fato restitua as condições dignas de vida dessa comunidade.

Estiveram conosco na Plenária os caciques Setembrino Camlem, cacique geral e Voia de Uma , cacique da aldeia central trazendo esse importante, intenso e triste relato que agora se transformará em denúncia em todos os lugares que estamos presentes, pois uma das principais formas de solidariedade ativa para além da ajuda em água e alimento, é denunciar a violência do governo estadual de Santa Catarina, a omissão do governo federal.

Com a classe enraizar o trabalho de base para fortalecer a luta contra todas as formas de ataque do Capital e seu Estado: manter e retomar Sindicatos que são trincheiras importantes da luta contra os ataques patronais e seus governos de plantão, enraizar o trabalho de base a partir dos locais de trabalho e moradia principalmente, revelar através do estudo, dos encontros, reuniões e principalmente na luta direta da classe o que os mecanismos de alienação do Capital tentam ocultar segue sendo as tarefas prioritárias desse período.

Sem iludir a classe, sem pestanejar no enfrentamento contra a direita e a conciliação de classes, a Intersindical segue contribuindo para o fortalecimento da luta da classe trabalhadora contra o Capital.