INTERSINDICAL PRESENTE NA LUTA EM DEFESA DA MORADIA EM CUIABA

Na manhã do dia 06, moradores do assentamento Canaã ocuparam a SECOPA exigindo a retomada das negociações que abrangem as famílias.

Há duas semanas os moradores ocuparam a Casa Civil e exigiram que o governo estadual se posicionasse sobre o caso. Em meio a ocupação, o governo propôs que os moradores formassem um comissão para negociação.

A comissão iniciou os trabalhos após a pressão política dos moradores e movimentos sociais. A proposta do governo baseou-se na retirada das famílias do local para casas financiadas, sendo 10% da renda formalizada de cada. A comissão levou a proposta para os moradores que decidiram acatar a proposta somente se alguns critérios fossem implementados:

Casas para todos os moradores do assentamento e com isenção do pagamento;
Enquanto os moradores não receberem as casas, mantém-se suspensa o cumprimento da liminar da reintegração de posse;
Caso haja necessidade de fazer um estudo socioeconômico dos moradores, a equipe delegada a fazer essa tarefa também deverá ser composta por moradores e movimentos sociais do assentamento Canaã.
A comissão levou a contraproposta ao governo. José Lacerda, secretário-chefe da Casa Civil, após ler a proposta dos moradores, suspendeu a reunião e prometeu uma nova reunião para discutir os critérios.

No dia seguinte os moradores não receberam nenhum telefonema sobre a negociação. O clima de tensão se expandiu. Nos dias seguintes algumas viaturas pararam no local e começaram a tirar fotos do assentamento. Os moradores impediram a entrada desses policiais no terreno. Passaram-se três dias e os moradores ligaram para a Casa Civil. A resposta que obtiveram foi de que o secretário estava em reunião e entraria em contato.

O governo recuou e não convocou nenhuma reunião no período de uma semana.

O clima de tensão aumentou no assentamento. Diante desse recuo, que paralisou as negociações, os moradores decidiram ocupar a SECOPA, exigindo a retomada imediata das negociações, além de denunciar o alto investimento em eventos esportivos e o descaso com a moradia, sendo essa um direito constitucional.

No ato os moradores levaram faixas e lembraram o massacre do Pinheirinho “Quem luta não está sozinho. Somos todos Pinheirinho!”. O saguão da SECOPA foi tomado pelos moradores e a imprensa esteve presente cobrindo a ocupação.

No primeiro momento, os moradores foram recebidos por Éder Moraes, secretário da COPA, que prometeu convocar o secretário da Casa Civil.

Os moradores permaneceram no local e exigiram a presença dos representantes do governo. Algum tempo depois, Moraes (Casa Militar), Curado (Sec. de Segurança) e Afonso (INTERMAT) chegaram ao local. OS representantes disseram publicamente que não haverá despejo e prometeram retomar as negociações conforme reivindicação.

Os moradores se retiraram da SECOPA, entretanto, continuam no processo organizativo.

A ocupação da SECOPA foi um momento histórico para a classe trabalhadora de Mato Grosso. Nunca havia sido feita uma ocupação nesse espaço, que é emblemático para o Estado. O assentamento tomou outras proporções, tornando-se notícia nacionalmente