Por Oposição Metalúrgica de Gravataí – RS
A culpa de ser estuprada ou violentada é da mulher?
Uma menina de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens no Rio de Janeiro. Logo que a notícia saiu na internet, muita gente ficou indignada e aterrorizada com a situação. Mas depois, já começaram a circular informações de que a jovem era drogada, “andava com traficantes”, tinha postado fotos segurando armas e de que havia consentido em transar com os mais de 30 homens. A garota quis ser estrupada? Os homens só praticaram este ato de violência por que estavam bêbados e drogados?
A cada 11 minutos acontece um ESTUPRO no Brasil!
A grande maioria das vítimas, cerca de 89%, são mulheres. Nós mulheres somos estrupadas quando estamos nas escolas, quando estamos em igrejas, em nossas próprias casas, em estações de metrô, em paradas de ônibus ou mesmo na rua, em um dia comum indo ou voltando do trabalho. As mulheres que foram e são violentadas estavam simplesmente tocando suas vidas, não demonstravam estar “se oferecendo” ou “querendo dar” para os homens: estavam trabalhando, estudando, indo pegar o metrô ou andando na rua.
Pra piorar, a grande maioria de nós, meninas e mulheres, somos estupradas por pessoas de “confiança”: 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados, amigos ou conhecidos da vítima, ou seja, no espaço doméstico!
O ESTUPRO é uma das violências mais graves, mas faz parte da cultura brasileira que é machista. Um homem que faz isso não é doente, não é louco, não fez isso só por que estava bêbado ou drogado. O homem pôde fazer isso porque é culturalmente ensinado a ser o “machão” e que pode fazer das mulheres um objeto seu. Vivemos em uma sociedade em que as mulheres são consideradas apenas objetos de satisfação sexual e reprodutoras dos herdeiros nas famílias. As mulheres são “gostosas”, “dão no couro”, precisam casar e ter filhos.
Então dizer que a culpa por ser estuprada é da própria mulher que sofreu essa violência é uma forma de dizer SIM para esta cultura MACHISTA em que os homens são autorizados a fazer o que quiserem com o nosso corpo.
Mulheres trabalham mais e recebem menos
Sabemos que mesmo em uma casa em que os dois trabalhem fora, as tarefas da casa sobram geralmente pra gente, e acabam ficando invisíveis, como se não tivéssemos feito nada, ou nada mais que a nossa obrigação. O cuidado com os filhos, e muitas vezes os idosos ou doentes, também acabam com nós mulheres – filhos que, depois, vamos entregar para também serem explorados pelo patrão. Além de fazermos o trabalho doméstico sem cobrar nada, quando vamos trabalhar fora frequentemente recebemos menos que os homens na mesma função. E ainda sobra mais trabalho pra nós, como a limpeza do local de trabalho.
Na rua, no ônibus, no mercado, já é cotidiano para as mulheres escutar piadinhas, cantadas, ser olhada de cima à baixo como um pedaço de carne. Os homens se acham no direito de falar, passar a mão, forçar beijos e amassos, bater, e alguns casos até matar. Será natural? Nós mulheres sempre aceitamos isso?
Lugar de mulher é na luta!
Muitas mulheres trabalhadoras já fizeram muita luta para conquistar os direitos que temos hoje. Condições de trabalho, respeito, salário, auxílio-maternidade, creche… Não vamos abrir mão dessas conquistas! Nós, mulheres da classe trabalhadora, temos que nos unir e nos organizar para seguir a luta contra toda a forma de exploração e a opressão que sofremos!
Queremos que esta luta seja de nossos companheiros homens também, porque nossa luta não deve ser contra eles, mas contra o machismo que oprime a todos nós em casa, na rua, na escola, na fábrica!