A GREVE DA EDUCAÇÃO E O ESTADO BRASILEIRO

A situação de greve na educação federal, agregando universidades e institutos federais, é uma resposta concreta dos trabalhadores ao diversos mecanismos de precarização do serviço público. São vários anos de implementação de critérios de avaliação próprios das empresas privadas no âmbito do Estado.

O caráter do estado capitalista fica cada dia mais evidente, quando mostra que em seu interior as prioridades são o alcance de metas e não o atendimento das necessidades da população. Na educação vemos isso ocorrer quando os salários são reduzidos a gratificações de produtividade, quando as progressões são concedidas se atingir certa quantidade de pontuação, quando a remuneração é oferecida na forma de bolsas na participação de programas especiais de governo. Exemplo na Rede Federal de educação tecnológica é o PRONATEC, que investe recursos públicos diretamente no setor privado, qualificando os alunos para as demandas das empresas privadas, dentro dos critérios empresariais do sistema S. Desviando assim o foco de uma educação de qualidade que possa desenvolver o ser humano em todos os sentidos, podendo compreender o mundo onde se encontra e transformá-lo.

A greve coloca na pauta do dia a luta coletiva por melhorias nas condições de vida dos trabalhadores, seja dos que estão em greve, seja para os estudantes que se mobilizam para exigir condições de estudo com qualidade, e não as expansões sem estrutura e profissionais como tem ocorrido nesses anos.

A luta desses setores tem incentivado outros a se organizar e desembainhar suas armas contra os patrões e contra os governos que tentam justificar a recusa da pauta de reivindicações, alegando que o Estado não tem condições orçamentárias e quer se preservar do que vem ocorrendo na Europa, tentam ocultar que os bilhões de reais injetados nas empresas, através de incentivos fiscais e subsídios de várias ordens.

Também nessa greve caem por terra os novos pelegos, que na educação tem nome: PROIFES. O sindicato ligado ao governo e de caráter estritamente conciliatório demonstra que a ordem social do PACTO com os patrões e com governo está tentando manter os setores combativos sob controle. Por isso parte do inimigo de classe são esses dirigentes sindicais financiados pelo estado para fragmentar e iludir os trabalhadores como a CUT e o PT ainda o fazem.

Empresários e sindicalistas de estado estão contentes com suas fatias do bolo da riqueza nacional e a socialdemocracia mais uma vez apresenta a classe trabalhadora sua face mais terrível, a mediadora entre interesses capitalistas e desenvolvimento econômico, pagando com o sangue e o suor dos trabalhadores a fatura.

Uma educação que acontece além dos muros das universidades e institutos tem construído nessa GREVE uma das sabedorias mais relevantes nesse tempo de comodismo, a de que só a luta muda a vida. E que quem luta também educa!

A intersindical está presente em vários locais do país, engajada nessa batalha apresentando sua plataforma de organização e trabalhando com a classe e não em seu nome.