No dia 18 de agosto, a cidade de Pacaraima em Roraima foi o lugar onde mais uma vez se pode ver a crueldade que é viver numa sociedade dominada economicamente pelo capitalismo.
Crianças, homens e mulheres que migram da Venezuela em busca da sobrevivência, foram atacados por brasileiros que serviram de escudo para uma pequena e grande burguesia que trata os imigrantes como invasores. Essa burguesia quando lhe convém se utiliza da força de trabalho dos mesmos que ataca como invasores para explorar ainda mais, sejam eles venezuelanos, bolivianos, haitianos entre tantos outros e assim também consegue precarizar ainda mais as já tão precárias condições de trabalho dos brasileiros.
O Estado através dos governos e seus militares, assiste conivente a mais esse ataque que mostra que a xenofobia (o preconceito carregado de violência contra imigrantes) é mais um instrumento utilizado pelo Capital para explorar ainda mais o conjunto dos trabalhadores. É para isso que serve o preconceito contra seres humanos que ousam a romper as cercas das nações buscando viver com dignidade.
É para isso que serve o preconceito que tenta segregar seres humanos a partir do local onde nasceram, da cor de sua pele, de seu gênero ou de sua orientação sexual, serve para que o Capital potencialize a exploração e para isso os instrumentos do Estado, seus governos, parlamentares, seus órgãos de repressão estão à disposição para garantir os interesses da burguesia.
O governo Temer/MDB encena com seus ministros medidas para Roraima tendo a desfaçatez de dizer que são ações humanitárias, mas a realidade é outra: o Exército estimula a violência contra os venezuelanos na fronteira entre os dois países, os governos no estado e nos municípios os tratam como seres de segunda categoria e a burguesia promove e patrocina essa barbárie.
A desculpa para o ato injustificável que aterrorizou e agrediu crianças, queimou documentos e os poucos mantimentos e roupas que traziam essas famílias que estavam em Paracaima, foi um assalto a um comércio local que independente se foi feito por venezuelanos ou brasileiros, nada, absolutamente nada justifica esse ato cruel que é tirar o pouco de quem nada tem e tratar a outro ser humano como coisa a ser exterminada.
Os EUA aqui: o centro do sistema capitalista, através de seu asqueroso presidente da República, Donald Trump, separou crianças de seus pais e as trancafiou em gaiolas, na Europa, os imigrantes sofrem a perseguição, a violência e condições ainda piores de trabalho, ou seja, em cada país, podem mudar as formas, mas elas vêm carregadas do mesmo conteúdo: a violência de um sistema em que poucos se fartam da riqueza, na exata medida que jogam milhões na fome, na miséria, na ausência de direitos.
O Capital tenta todos os dias desumanizar a cada um, tenta naturalizar as cenas cruéis de Paracaima e contra isso é preciso revelar que a cada ser agredido ali, agridem o conjunto de nossa classe.
Mostrar que se as cercas das nações tentam nos dividir, é preciso ter coragem de enxergar a nossa classe ali, a classe trabalhadora e juntos mirarmos no inimigo, só assim vamos ter uma outra e nova sociedade, onde a cor, o gênero, o idioma nos afirme diferentes, mas não desiguais.