Em janeiro de 2019 a lama do Capital cobriu a cidade de Brumadinho em Minas Gerais, soterrando vidas de trabalhadores, mulheres, jovens e crianças vítimas da ganância da mineradora Vale, que matou mais de 300 pessoas. O que fez o governo Bolsonaro? Acabou com o Ministério do Trabalho logo depois que tomou posse e afrouxou ainda mais as fiscalizações, tanto na área trabalhista, como ambiental.
Ainda no início de 2019, adolescentes morreram carbonizados no alojamento do Flamengo no Rio de Janeiro, o time carioca que celebra seus títulos enquanto as famílias desses jovens seguem exigindo justiça.
Durante todo o ano de 2019, no Rio de Janeiro, o braço armado do Estado, se sentindo liberado a matar por Bolsonaro e pelo governador do estado Wilson Witzel, dispara mais de 80 tiros contra um trabalhador negro que levava a família para uma festa de domingo; crianças indo ou voltando da escola são assassinadas pelas balas que de perdidas nada têm; trabalhadores são mortos em nome do falso combate ao crime
Do Rio de Janeiro a São Paulo, jovens pobres são mortos ao buscar um pouco de diversão num sábado na comunidade de Paraisópolis. Enquanto os filhos da burguesia seguiam em suas festas barulhentas, regadas a muita droga consentidas aos ricos, jovens pobres e a maioria pretos são encurralados nas estreitas vielas da favela, que é colada a um dos bairros mais ricos de São Paulo; foram 9, nove jovens, filhos de trabalhadores assassinados por ousarem a buscar alegria, na triste realidade em que vivem.
A morte aumentou, a concentração de riqueza aumentou, a miséria aumentou: jovens seguem sendo assassinados por serem pobres, o número de agressões e mortes contra mulheres aumentou, o número de violência e morte contra LGBTs também, e não há dúvida que os covardes machistas, racistas e homofóbicos saem de seus esconderijos encorajados pelo discurso desse governo que destila diariamente seu ódio a mulheres que não se submetem, a indígenas que lutam por sua autodeterminação, a negros e LGBTs que existem e resistem contra o preconceito que tenta eliminar seres humanos a partir de sua cor, sua etnia, sua orientação sexual.
O governo Bolsonaro está fazendo aquilo a que se propôs – garantir aos ricos mais riqueza, aos pobres, retirada de direitos, mais miséria e violência: o ministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, em entrevista recente à Globo News, disse que a política do governo é garantir aos empresários mais e melhores condições para seus negócios, para isso as políticas sociais serão “cada vez mais modestas” e tentou reduzir a carnificina que fez na Previdência e nas Medidas Provisórias que aprofundam a reforma trabalhista a um “desconforto social”. O ministro comemorou a aprovação da reforma da Previdência, que praticamente acaba com aposentadoria integral para a maioria dos trabalhadores, e para os patrões e para o governo, quem tem mais de 40 anos é velho para trabalhar, mas jovem para se aposentar. Comemorou também as Medidas Provisórias que liberam os patrões a seguir com as demissões e contratar jovens que não poderão receber mais do que um salário mínimo e meio e não terão direitos que foram garantidos através de muita luta pela classe trabalhadora.
Mais de 13 milhões de pessoas vivem na extrema miséria no Brasil, com menos de R$ 8,00 por dia. Homens, mulheres, jovens e crianças vagam pelas ruas sem ter onde morar; em todas as regiões do país, ruas estão repletas de seres humanos que não têm o mínimo para viver com dignidade, e o energúmeno presidente disse que não há fome no Brasil e nesse mês debochou dos trabalhadores, desejando “um feliz natal, mesmo sem carne para algumas pessoas”.
Passa por cima de direitos, destila seu ódio contra a classe trabalhadora ao mesmo tempo em que tenta esconder a podridão em que ele e sua família estão metidos. A máscara do combate à corrupção, mais do que cair, derreteu, pois a cada dia se escancara a ligação de Bolsonaro, seus filhos e mais membros de sua família, com desvio de dinheiro público através do gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro quando era deputado estadual, além da contratação de funcionários fantasmas também no gabinete de Bolsonaro quando esse era deputado federal. Além disso as investigações mostram a ligação estreita e de muito tempo de Bolsonaro e seus filhos com as milícias do Rio de Janeiro, vários desses milicianos estão sendo investigados no processo sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Junto à Bolsonaro, a corja do Congresso Nacional: o presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, junto com a maioria dos deputados e senadores fizeram de tudo para aprovar a desumana reforma da Previdência; estão juntos com o governo para atacar direitos trabalhistas duramente conquistados pelos trabalhadores. As manifestações do Congresso Nacional contra as falas do presidente, de membros de seu governo e de seus filhos querendo a reedição de um AI-5, não significam que estão contra a tentativa de aumentar a repressão do Estado contra as mobilizações dos trabalhadores, ao contrário: essa corja está à serviço do Capital que exige mais reformas que aprofundem o arrocho salarial e a retirada de direitos.
São os mesmos que votaram a aprovação do Fundo Eleitoral para suas campanhas, no valor de mais de R$ 2 bilhões, e queriam mais, retirando ainda o pouco que sobrou das verbas para Saúde e Educação. Enquanto servidores públicos do Estado no Rio de Janeiro e trabalhadores em empresas terceirizadas fazem greve exigindo receber seus salários atrasados e melhores condições de atendimento para milhares que buscam desesperadamente atendimento nos hospitais, os parlamentares buscam mais dinheiro para se manterem protegidos, privilegiados e servis aos interesses de quem quer aprofundar a retirada de direitos.
Nos estados e municípios, governadores e prefeitos, incluindo aqueles que se dizem oposição ao governo Bolsonaro, como governos do PT, PCdoB entre outros, também impõem a reforma da Previdência contra o funcionalismo público. Com o argumento falso e hipócrita que é preciso combater privilégios e sanear as contas públicas, os governadores e prefeitos atacam direitos básicos daqueles que atendem diretamente a população trabalhadora. Além disso avançam em benesses para as empresas privadas, retirando o pouco que ainda há para saúde, educação, assistência social e mais: a exemplo do governo Bolsonaro, avançam nos programas de privatizações, entregando tudo que é público e pode se tornar mercadoria para as grandes corporações capitalistas.
2019 foi marcado pelo aumento da violência do Estado contra a classe trabalhadora, mais indígenas foram assassinados por lutarem em defesa não apenas das terras onde habitam, mas por lutarem por uma Amazônia para a humanidade; jovens e trabalhadores foram assassinados além de sua cor, por sua condição social; cresceu também a violência e a morte contra quem é um alvo apenas por existir e resistir ao machismo e à homofobia.
2019 principalmente foi um ano em que patrões e governos avançaram no ataque aos direitos da classe trabalhadora e isso a grande imprensa do Capital que se escandaliza com as falas de Bolsonaro tendo ataques homofóbicos contra jornalistas e que se diz indignada com as falas do presidente que atentam contra a democracia, não vai falar. Essa mesma imprensa se une as grandes corporações privadas e comemora as reformas, medidas provisórias e projetos do governo Bolsonaro que têm por objetivo achatar ainda mais os salários, exterminar direitos e continuar usando das demissões como instrumento de pressão para mais exploração e consequentemente, mais lucros para o Capital.
Mas nós estamos aqui e a luta, além de continuar, vai se ampliar: não é fruto do acaso as lutas no Equador, na Colômbia, no Haiti, a greve dos metalúrgicos na GM no centro do sistema capitalista, os EUA, as grandes greves gerais no Chile e na França. Nossos irmãos de classe nesses países lutam contra as consequências das reformas impostas pelo Capital e seus governos que ao retirarem direitos, aumentaram a desigualdade social e a miséria, lutam contra as mesmas medidas que o governo Bolsonaro tenta impor no Brasil.
Mais do que se fortalecer nessa intensa energia de luta que se espalha por países na América Latina e na Europa, é preciso retomar aqui as intensas lutas que no Brasil nossa classe também fez, lutas que garantiram a redução da jornada de trabalho, os direitos trabalhistas, como a contratação de trabalho com registro em carteira, férias, 13º salário; todos esses direitos estão ameaçados e não há outra forma de garantir que eles continuem existindo que não seja a nossa luta.
A luta do conjunto da classe trabalhadora, de trabalhadores empregados, subempregados e desempregados, é na luta que garantimos direitos e é na retomada das grandes mobilizações e greves gerais que vamos enfrentar a barbárie imposta pelo Capital e seu governo que quer exterminar direitos e acabar com os sonhos e as vidas dos filhos de nossa classe.
Não adianta só esperar que as coisas melhorem, não adianta só fazer votos para que a vida melhore, é preciso se colocar em luta, é lutando que vamos impedir a carnificina contra os direitos e a vida.