Já são mais de 100 mil mortos e mais de 3 milhões de contaminados pela COVID-19 no Brasil, e tanto o governo genocida de Bolsonaro como os governos estaduais e municipais intensificam suas investidas de flexibilização geral do distanciamento social e retomada de todas as atividades econômicas.
Os governadores que no princípio da pandemia buscavam exaltar as supostas divergências com Bolsonaro, mostram que os conflitos não passavam de um teatro, a consequência disso é que a maioria da classe trabalhadora está na mira do vírus ao ser obrigada a sair para trabalhar. Enquanto nós sofremos o risco do contágio, os patrões podem ficar no conforto de suas luxuosas mansões, apenas gerenciando remotamente seus lucros e administrando suas riquezas.
Com a abertura do comércio e dos demais setores, a pressão para que escolas e universidades voltem às aulas presenciais aumentou por parte dos governos. Estamos há várias semanas com contaminação diária de mais de quarenta mil pessoas e uma média variável que em vários momentos atinge mais de mil mortes por dia, mas os governos não estão preocupados com isso, para eles as vidas dos trabalhadores e de seus filhos não importam.
A maior pressão para o retorno das aulas vem das escolas privadas. O setor tenta buscar seus clientes que fugiram para a rede pública, exemplo disso são os dados da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: durante a pandemia, foram registradas 2.388 transferências da rede privada para a pública, contra 219 no mesmo período de 2019.
O discurso de preocupação com as perdas educacionais tenta esconder que o real interesse é a garantia de seus lucros. Nas últimas semanas, vimos nos noticiários a propaganda pela reabertura das escolas, dando espaço aos porta-vozes dos representantes patronais das escolas particulares, em sua maioria grandes conglomerados empresariais da educação que financiam candidaturas de diversos partidos.
Em suas investidas pela reabertura das escolas, os empresários da educação e os governos batem na tecla da implantação de protocolos de segurança como a solução para o problema, e dizem que o retorno será de forma escalonada. No entanto, uma pesquisa realizada pela Fiocruz afirma que o retorno às aulas presenciais, ainda que de forma escalonada, levará a um aumento inevitável no número de contaminações e mortes.
Mesmo com protocolos rígidos sendo apresentados, sabemos que eles ficarão apenas no papel, uma vez que não tem medida de distanciamento e de segurança que uma escola adote que impeça crianças e adolescentes de interagirem.
Para os empresários, a ciência e a razão, seja ela médica ou pedagógica, é um entrave para seus interesses.
Além disso, a grande maioria das escolas, principalmente na rede pública, já funcionava antes da pandemia com uma quantidade pequena de trabalhadores de limpeza e com péssimas condições de trabalho. Sabemos também que professores e demais trabalhadores do grupo de risco, que devem permanecer afastados, não serão substituídos, o que resultará em sobrecarga aos que retornarem ao trabalho.
As crianças e adolescentes, em geral, não são parte do grupo de risco, mas podem ser contaminados, mesmo em muitos casos sendo assintomáticos, a contaminação se ampliará a muitos trabalhadores da educação, assim como suas famílias e as famílias dos estudantes têm entre si, muitos que fazem parte do grupo de risco, ou seja é potencializar ainda mais a contaminação e o adoecimento.
Para piorar, o sistema de transporte público precário, que já tem colocado em risco todos que dependem dele, e do qual dependem uma parcela muito grande de estudantes adolescentes e dos trabalhadores da educação, potencializa a contaminação pelo novo coronavírus.
Diante de mais essa investida dos governos e das empresas contra a vida, em todas as regiões do país, a maioria dos pais estão contra o retorno das aulas de seus filhos durante a pandemia e tem se ampliado em diversas lugares a luta junto aos trabalhadores da Educação e seus Sindicatos.
O ENSINO REMOTO NÃO É ALTERNATIVA
Em diversos lugares do país que aderiram ao ensino remoto, os alunos de certa forma já se colocaram contra esse modelo de educação. Não são poucos os casos de salas de aulas online com apenas três ou quatro alunos presentes, os motivos para isso são muitos, desde impossibilidade de acesso às plataformas digitais pois se em muitos lares não há nem condições de colocar comida em casa o que dirá garantir acesso à internet, como também a dificuldade de se concentrar por longos períodos em frente a tela, em geral de um celular.
Junto a isso essa forma de ensino tem onerado professoras e professores, que têm que arcar com os custos de internet, eletricidade e equipamento, além do aumento da carga de trabalho, o que também não é diferente nas universidades.
Além de todos os problemas já citados, somos contra o Ensino à Distância, pois se trata de um ataque à Educação como espaço de formação e socialização dos alunos e também mais uma forma de desmonte da escola pública.
Não podemos aceitar que se consolide uma política que coloca o trabalho pedagógico no nível da interação com um computador e afirma que desta forma os alunos aprendam. Nossa relação com os estudantes e com a escola vai além de transmissão de mão única de conteúdos via internet. Defendemos uma escola com condições básicas para a formação das crianças e jovens com ensino presencial universal, e em condições melhores que as que tínhamos antes da pandemia, e não o modelo híbrido que os governos querem implantar, mesclando atividades remotas e presenciais.
Ano letivo se recupera, vidas não: não retomar as aulas agora durante a pandemia é medida necessária para preservação da vida de nossas crianças, jovens, suas famílias e dos trabalhadores. Portanto mais do que a proposta de cancelamento do ano letivo 2020 e a unificação do calendário 2020/2021, é fundamental que os trabalhadores da Educação, pais e alunos possam decidir sobre como e quando será o retorno às escolas.
A única alternativa para os trabalhadores da educação é a luta contra a reabertura das escolas, sejam públicas ou privadas, o que já começamos a fazer nas várias regiões do país
É dessa forma que enfrentamos as investidas das escolas privadas e dos governos que querem a retomada das aulas a qualquer custo, nosso caminho para garantir a preservação da saúde e da vida é dizer NÃO ao retorno das aulas durante a pandemia e construir a necessária greve dos trabalhadores da educação e junto aos alunos e suas famílias ampliar essa luta.
Uma luta que os trabalhadores da Educação organizados nos Sindicatos, Oposições e coletivos da Intersindical estão firmes empenhados em todas as regiões do país.
Uma luta que deve ser do conjunto da classe trabalhadora em defesa da vida.
SÓ É POSSÍVEL APRENDIZAGEM E ENSINO SE HOUVER SAÚDE E VIDA!
RETORNO ÀS AULAS, SÓ COM VACINA!